Saiba tudo sobre a Doença de Parkinson

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A doença de Parkinson é uma doença degenerativa e lentamente progressiva de áreas específicas do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). É caracterizada pelo tremor quando os músculos estão em repouso (tremor de repouso), aumento no tônus muscular (rigidez), lentidão dos movimentos voluntários e dificuldade de manter o equilíbrio (instabilidade postural). Em muitas pessoas, o pensamento torna-se comprometido ou desenvolve-se demência.

 

A doença de Parkinson surge da degeneração na parte do cérebro que auxilia a coordenação de movimentos.

Frequentemente, o sintoma mais óbvio é o tremor, que ocorre quando os músculos estão relaxados.

Os músculos ficam rígidos, os movimentos se tornam lentos e descoordenados e perde-se facilmente o equilíbrio.

Os médicos baseiam o diagnóstico nos sintomas.

Medidas gerais (como simplificar tarefas diárias), medicamentos (como levodopa mais carbidopa) e, às vezes, cirurgia podem ajudar, mas a doença é progressiva, por fim causando incapacidade grave e imobilização.

A doença de Parkinson é a segunda doença degenerativa mais comum do sistema nervoso central após a doença de Alzheimer. Ela afeta:

Doença de Parkinson mesencefálica.
  • Cerca de 1 em 250 pessoas com 40 anos de idade ou mais
  • Cerca de 1 em 100 pessoas com 65 anos de idade ou mais
  • Cerca de 1 em 10 pessoas com 80 anos de idade ou mais

Normalmente começa entre os 50 e 79 anos. Raramente, a doença de Parkinson ocorre em crianças ou adolescentes.

Parkinsonismo causa os mesmos sintomas que a doença de Parkinson mas é causado por vários outros quadros clínicos, como atrofia multissistêmica, paralisia supranuclear progressiva, acidente vascular cerebral, lesão na cabeça ou certos medicamentos.

Mudanças internas no cérebro

Na doença de Parkinson, células nervosas em parte dos gânglios basais (chamada substância negra) degeneram-se.

Os gânglios basais são conjuntos de células nervosas localizados profundamente no cérebro. Podem ajudar a suavizar os movimentos musculares e coordenam as mudanças de postura. Quando o cérebro origina um impulso para mover o músculo (por exemplo, para levantar um braço), o impulso passa pelos gânglios basais. Tal como em todas as células nervosas, as dos gânglios basais libertam mensageiros químicos (neurotransmissores) que estimulam a célula nervosa seguinte da via nervosa para enviar um impulso. A dopamina é o principal neurotransmissor nos gânglios basais. O seu efeito geral é intensificar os impulsos nervosos para os músculos.

Quando as células nervosas nos gânglios basais degeneram-se, elas produzem menos dopamina e o número de conexões entre as células nervosas nos gânglios basais diminui. Como resultado, os gânglios basais não podem suavizar os movimentos como fazem normalmente, o que provoca o tremor, a perda de coordenação, movimento lento (bradicinesia), a tendência a se mover menos (hipocinesia) e problemas com postura e ao caminhar.

Localizando os gânglios basais

Os gânglios basais são conjuntos de células nervosas localizados profundamente no cérebro. Elas incluem as seguintes:

  • Núcleo caudado (uma estrutura em forma de C que se afunila em uma cauda fina)
  • Putâmen
  • Globo pálido (localizado dentro do putâmen)
  • Núcleo subtalâmico
  • Substância negra

Os gânglios basais ajudam a suavizar os movimentos musculares e coordenam as mudanças de postura.

Localizando os gânglios basais

Causas

A causa da doença de Parkinson é incerta. De acordo com uma teoria, a doença de Parkinson pode originar de acúmulos anormais de sinucleína (uma proteína no cérebro que auxilia a comunicação das células nervosas). Esses depósitos, chamados de corpos de Lewy, podem se acumular em várias regiões do cérebro, principalmente na substância negra (na profundidade do telencéfalo) e interferir na função cerebral. Os corpos de Lewy geralmente se acumulam em outras partes do cérebro e do sistema nervoso, sugerindo que podem estar envolvidos em outras doenças.

Na demência por corpo de Lewy, eles se formam na camada externa do cérebro (córtex cerebral). Os corpos de Lewy também podem estar  envolvidos na doença de Alzheimer, possivelmente explicando porque cerca de um terço das pessoas com doença de Parkinson apresentam sintomas da doença de Alzheimer e porque algumas pessoas com doença de Alzheimer desenvolvem sintomas parkinsonianos.

Aproximadamente 15 a 20% das pessoas com doença de Parkinson tem parentes que apresentam ou apresentaram a doença. Sendo assim, a genética pode ter um papel importante.

Sintomas

Geralmente, a doença de Parkinson começa de modo assintomático e avança de forma gradual.

O primeiro sintoma é:

  • Tremores em cerca de dois terços das pessoas
  • Problemas com movimentos ou uma sensação reduzida de odores na maioria das outras

Tremores normalmente apresentam as seguintes características:

  • São largos e cadenciados
  • Geralmente ocorre em uma mão, enquanto está em repouso (tremor de repouso)
  • Frequentemente envolvem o movimento das mãos como se estivesse enrolando pequenos objetos (chamado “pill-rolling”)
  • Diminui quando a mão está se movendo intencionalmente e desaparece por completo durante o sono
  • Pode ser piorado por estresse emocional ou fadiga
  • Pode se intensificar e, com o tempo, avançar para a outra mão, braços e pernas
  • Pode também afetar as mandíbulas, a língua, a testa e as pálpebras, mas não a voz
  • Em algumas pessoas, o tremor nunca se desenvolve.

Normalmente, a doença de Parkinson causa também os seguintes sintomas:

  • Rigidez: Os músculos ficam rígidos, tornando o movimento difícil. Quando o médico tenta flexionar o antebraço da pessoa ou esticá-lo, o braço resiste ao ser movido e, quando isso ocorre, começa e para, como se fosse uma roda dentada (chamada rigidez da roda dentada).
  • Lentificação dos movimentos: Os movimentos se tornam lentos e difíceis de serem iniciados e as pessoas tendem a se mover menos. Quando elas se movem menos, mover-se torna-se mais difícil porque as articulações tornam-se rígidas e os músculos enfraquecidos.
  • Dificuldade em manter o equilíbrio e a postura: A postura torna-se curvada, e é difícil manter o equilíbrio. Portanto, as pessoas tendem a tombar para a frente ou para trás. Visto que os movimentos são lentos, os indivíduos não poderão mexer as mãos com rapidez suficiente para amortecer uma queda.

Fica difícil caminhar, principalmente, para dar o primeiro passo. Depois de iniciado, as pessoas geralmente arrastam os pés, dão passos curtos, mantêm os braços dobrados na cintura e balançam pouco ou não balançam os braços. Ao andar, têm dificuldade de parar ou virar. Quando a doença está avançada, algumas pessoas param de andar de repente, porque sentem como se os pés estivessem colados no chão (chamado congelamento). Outras pessoas aceleram os passos de modo involuntário e gradual, e iniciam repentinamente uma corrida aos tropeções para evitar a queda. Este sintoma é chamado festinação.

A rigidez e a diminuição da mobilidade podem contribuir para dores musculares e fadiga. Ter músculos rígidos interfere com muitos movimentos: virar-se na cama, entrar ou sair de um carro e levantar-se de uma poltrona. As atividades diárias normais (como vestir-se, arrumar o cabelo, alimentar-se e escovar os dentes) levam mais tempo.

Como as pessoas frequentemente apresentam dificuldades em controlar os músculos pequenos das mãos, as atividades diárias, como abotoar os botões da camisa ou apertar os laços dos sapatos, tornam-se cada vez mais difíceis. A maioria das pessoas com a doença de Parkinson tem uma escrita tremida e diminuta (micrografia), por ser difícil começar e manter o traço da caneta. As pessoas podem pensar erroneamente que esses sintomas são fraquezas. No entanto, força e sensibilidade geralmente são normais.

A face fica menos expressiva (semelhante à máscara), porque os músculos faciais que controlam as expressões não se mexem tanto quanto normalmente o fariam. Essa falta de expressão pode ser confundida com uma depressão ou, pode fazer com que a depressão passe despercebida. (Depressão é comum entre pessoas com doença de Parkinson.) Por fim, o semblante pode apresentar um olhar perdido com a boca aberta e os olhos podem não piscar com frequência. Por vezes, os indivíduos babam ou se engasgam, porque os músculos na face e na garganta estão rígidos, tornando difícil a deglutição. Os pacientes costumam falar lentamente, com uma voz monótona, e por vezes gaguejam, devido à dificuldade que têm em articular as palavras.

A doença de Parkinson também causa outros sintomas:

  • Problemas de sono, incluindo insônia, são comuns, frequentemente porque a pessoa precisa urinar com frequência ou porque os sintomas pioram durante a noite, dificultando a pessoa virar na cama. É comum o desenvolvimento da disfunção do sono associado ao movimento rápido dos olhos (REM). Nesta doença, os membros, que normalmente não se movem no sono REM, podem se mover de modo violento e súbito porque as pessoas estão agindo conforme em seus sonhos, às vezes, até machucando o(a) companheiro(a). A falta de sono pode contribuir para a depressão e sonolência durante o dia.
  • Problemas para urinar podem ocorrer. Pode ser difícil começar a urinar e continuar (chamada hesitação urinária). As pessoas podem apresentar uma necessidade compulsória para urinar (urgência). Incontinência é comum.
  • A constipação pode se desenvolver, pois o intestino pode mover seu conteúdo mais lentamente. A inatividade e a levodopa, o principal medicamento usado no tratamento da doença de Parkinson, podem piorar a constipação.
  • Pode ocorrer uma redução súbita e excessiva na pressão sanguínea quando uma pessoa fica de pé (hipotensão ortostática).
  • As escamas (dermatite seborreica) se desenvolvem geralmente no couro cabeludo e no rosto e, às vezes, em outras áreas.

Perda de olfato (anosmia) é comum, mas as pessoas podem não perceber.

Em aproximadamente um terço das pessoas com a doença de Parkinson, ocorre a demência. Em muitas outras, o pensamento é comprometido, mas as pessoas podem não reconhecer isso.

Pode haver desenvolvimento de depressão, algumas vezes anos antes de as pessoas apresentarem problemas com movimentos. A depressão tende a piorar conforme a doença de Parkinson se torna mais grave. A depressão também pode fazer com que os problemas de movimentos piorem.

Alucinações, delírios e paranoia podem ocorrer, particularmente se a demência se desenvolve. As pessoas podem ver ou ouvir coisas que não existem (alucinações) ou firmemente manter determinadas crenças ao invés de claras evidências que as contradigam (delírios). Elas podem se tornar desconfiadas e pensar que outras pessoas apresentam a intenção de machucá-las (paranoia). Esses sintomas são considerados sintomas psicóticos, uma vez que representam a perda de contato com a realidade. Sintomas psicóticos são os motivos mais comuns para as pessoas com doença de Parkinson serem admitidas em uma instituição. Apresentar esses sintomas aumenta o risco de falecimento.

Sintomas mentais, incluindo sintomas psicóticos podem ser provocados pela doença de Parkinson ou por um medicamento utilizado para tratá-la.

Os medicamentos utilizados para tratar a doença de Parkinson ( Medicamentos utilizados para tratar a doença de Parkinson) podem também provocar problemas como comportamentos obsessivo-compulsivos ou dificuldade de controlar vontades, resultando, por exemplo, em apostas ou coleções compulsivas.

Diagnóstico

Avaliação de um médico

Às vezes, tomografia computadorizada ou imagem por ressonância magnética

Às vezes, o uso de levodopa para verificar se ajuda

A doença de Parkinson é mais provável se as pessoas apresentam o seguinte:

Movimentos lentos, restritos

O tremor característico

Rigidez muscular

Melhora nítida e de longa duração (sustentada) em resposta à levodopa

Pode ser difícil para o médico diagnosticar a doença leve na sua etapa inicial, porque tende a começar de modo sutil. O diagnóstico é particularmente difícil nos idosos, pois o envelhecimento pode causar alguns problemas semelhantes aos da doença de Parkinson, como a perda de equilíbrio, movimentos lentos, rigidez muscular e postura curvada. Algumas vezes, tremor essencial é mal diagnosticado como doença de Parkinson.

Para excluir outras causas dos sintomas, o médico pergunta sobre doenças anteriores, exposição a toxinas e uso de medicamentos que poderiam causar parkinsonismo.

Exame físico

Durante o exame físico, os médicos solicitam as pessoas que realizem determinados movimentos que podem ajudar a estabelecer o diagnóstico. Por exemplo, em pessoas com doença de Parkinson, o tremor desaparece ou diminui quando os médicos solicitam a eles que toquem seu nariz com seus dedos. Além disso, as pessoas com a doença apresentam dificuldade em realizar rapidamente movimentos alternativos, como posicionar suas mãos em seus quadris e, logo, rapidamente virar as mãos para cima e para baixo diversas vezes.

Exames

Não existem testes ou procedimentos imagiológicos que possam confirmar o diagnóstico de forma direta. Entretanto, a tomografia computadorizada (TC) e a imagem por ressonância magnética (RM) podem ser realizadas para detectar se uma perturbação estrutural é a causa dos sintomas. A tomografia computadorizada com emissão de fóton único (SPECT) e a tomografia com emissão de pósitron (PET) podem detectar anomalias do cérebro típicas da doença. No entanto, SPECT e PET são atualmente utilizados apenas em instituições de pesquisa e não são capazes de diferenciar a doença de Parkinson de outras doenças que causam os mesmos sintomas (parkinsonismo).

Se o diagnóstico não for claro, os médicos podem receitar levodopa, um medicamento usado para tratar a doença de Parkinson. Se a levodopa mostrar uma melhora clara, a doença de Parkinson é provável.

Tratamento

Medidas gerais para controlar os sintomas

Fisioterapia e terapia ocupacional

Levodopa/carbidopa e outros medicamentos

Algumas vezes, estimulação profunda do cérebro

As medidas gerais usadas para tratar a doença de Parkinson podem ajudar a pessoa a melhorar suas funções diárias.

Muitos medicamentos podem facilitar os movimentos e permitir que a pessoa aja de modo eficiente por muitos anos. O tratamento principal para a doença de Parkinson é

Outros medicamentos costumam ser menos eficazes do que a levodopa, mas podem ter efeitos positivos em algumas pessoas, sobretudo se a levodopa não for tolerada ou for inadequada. No entanto, nenhum medicamento pode curar a doença.

Pode ser necessário utilizar dois ou mais medicamentos. Para pessoas mais velhas, as doses geralmente são reduzidas. São evitados os medicamentos que causem ou piorem os sintomas, particularmente os medicamentos antipsicóticos.

Os medicamentos utilizados para tratar a doença de Parkinson podem apresentar efeitos colaterais incômodos. Se as pessoas notarem quaisquer efeitos incomuns (como dificuldade em controlar vontades ou confusão), devem relatá-los ao seu médico. Eles não devem interromper o uso de medicamentos a menos que seus médicos prescrevam.

A estimulação profunda do cérebro, um processo cirúrgico, é levada em consideração se a pessoa apresentar uma doença avançada mas não apresentar demência nem sintomas psiquiátricos e os medicamentos não forem eficazes nem apresentarem efeitos colaterais graves.

Medidas gerais

Várias medidas simples podem ajudar as pessoas com a doença de Parkinson a manter a mobilidade e a independência:

Continuar fazendo o máximo de atividades diárias possível

Seguir um programa de exercício regular

Simplificar as tarefas diárias – por exemplo, substituindo os botões da roupa por velcro ou comprando sapatos com fechos de velcro

Usar dispositivos de assistência, como puxadores de zíper e ganchos para botões

Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais podem ajudar as pessoas a incorporarem essas medidas em suas atividades diárias e também recomendar exercícios para melhorar o tônus muscular e manter o movimento. Os terapeutas também podem recomendar auxílio médico, como andadores com roda, para ajudar a manter a independência da pessoa.

Mudanças simples na casa podem ajudar a deixá-la mais segura para pessoas com doença de Parkinson:

Retirar os tapetes para evitar que tropecem

Instalar barras de apoio nos banheiros e corrimão nos corredores e outros locais para reduzir o risco de quedas

Para a constipação, pode ajudar:

Consumir dieta com alto teor de fibra, incluindo alimentos como ameixa e sucos de fruta

Exercitar-se

Beber muito líquido

Usar laxantes (como sene concentrada), suplementos (como psílio) ou laxantes estimulantes (como bisacodil, via oral) para manter a regularidade do intestino

A dificuldade em engolir pode limitar a ingestão de alimentos, então a dieta tem que ser nutritiva. Esforçar-se para inalar mais profundamente tende a melhorar a capacidade de perceber os odores e acentua o apetite.

Levodopa/carbidopa

Tradicionalmente, a levodopa, administrada com a carbidopa, é o primeiro medicamento usado. Esses medicamentos, tomados por via oral, são a base para o tratamento da doença de Parkinson. Mas quando tomados por um longo período, a levodopa pode apresentar efeitos colaterais e tornar-se menos eficaz. Logo, alguns especialistas sugeriram que utilizar primeiramente outros medicamentos e atrasar o uso de levodopa pode ajudar. No entanto, evidências atuais indicam que os efeitos colaterais e a eficácia reduzida após um longo período de uso provavelmente ocorrem porque a doença de Parkinson está piorando e não está relacionada a quando o medicamento foi iniciado.

Além disso, visto que a levodopa pode tornar-se menos eficaz após diversos anos de uso, os médicos podem prescrever outro medicamento para pessoas com menos de 60 anos, que estarão tomando medicamentos para tratar a doença por um longo período. Outros medicamentos que podem ser usados incluem amantadina e agonistas da dopamina (medicamentos que agem como a dopamina, estimulando os mesmos receptores em células cerebrais). Tais medicamentos são utilizados porque a produção de dopamina está diminuída na doença de Parkinson.

A levodopa reduz a rigidez muscular, melhora o movimento e reduz substancialmente o tremor. A administração de levodopa produz melhora drástica nas pessoas com a doença de Parkinson. O medicamento permite que muitas pessoas com doença moderada recuperem um nível de atividade quase normal e permite que algumas das que se encontram prostradas na cama voltem a caminhar.

A levodopa raramente ajuda as pessoas que apresentam outras doenças que podem causar sintomas similares àqueles da doença de Parkinson (parkinsonismo), como atrofia multissistêmica e paralisia supranuclear progressiva.

A levodopa é um precursor da dopamina. Ou seja, ela é convertida no corpo em dopamina. A conversão ocorre nos gânglios basais, onde a levodopa ajuda a compensar a diminuição da dopamina devido à doença. No entanto, antes da levodopa atingir o cérebro, uma parte dela é convertida em dopamina no intestino e no sangue. Apresentar dopamina no intestino e no sangue aumenta o risco de efeitos colaterais, como vômito, hipotensão ortostática e rubor. Carbidopa é dada com a levodopa para prevenir que a mesma seja convertida em dopamina antes de alcançar os gânglios basais. Como resultado, existem poucos efeitos colaterais e uma maior quantidade de dopamina fica disponível para o cérebro.

Para determinar a dose recomendável de levodopa num caso específico, o médico deve balancear o controle da doença com o desenvolvimento de efeitos colaterais que tendem a limitar a quantidade de levodopa que o indivíduo pode tolerar. Esses efeitos colaterais incluem

Movimentos involuntários (da boca, face e membros) chamados discinesia

Pesadelos

Alucinações e paranoia

Alterações da pressão arterial

Confusão

Depois de tomar levodopa por 5 ou mais anos, mais da metade das pessoas começa a alternar rapidamente entre uma reação satisfatória ao remédio e nenhuma reação, denominado efeito “on-off”. Numa questão de segundos, as pessoas podem passar de um estado de mobilidade aceitável a outro estado de incapacidade grave. Os períodos de mobilidade após cada dose tornam-se menores e os sintomas podem ocorrer antes da próxima dose planejada – os efeitos “off”. Além disso, os sintomas podem ser acompanhados de movimentos involuntários devido ao uso de levodopa, incluindo contorções ou hiperatividade. Um dos seguintes pode ser utilizado para controlar os efeitos “off” por um momento:

Tomar doses mais baixas, com maior frequência

Mudar para uma forma de levodopa que seja liberada mais gradualmente no sangue (uma formulação de liberação controlada)

Adicionar um agonista de dopamina ou amantadina

Entretanto, depois de 15 a 20 anos, os efeitos “off” ficam difíceis de suprimir. Considera-se então a cirurgia.

Outros medicamentos

Outros medicamentos costumam ser menos eficazes do que a levodopa, mas podem ter efeitos positivos em algumas pessoas, sobretudo se a levodopa não for tolerada ou for insuficiente.

Os agonistas da dopaminaque agem como a dopamina, podem ser úteis em qualquer estágio da doença. Incluem:

  • Pramipexol e ropinirol (dados por via oral)
  • Rotigotina (dados através de um adesivo cutâneo)
  • Apomorfina (injetado sob a pele)

Visto que a apomorfina é de ação rápida, é utilizada para reverter os efeitos “off” da levodopa – quando o movimento é difícil de ser iniciado. Por isso, esse medicamento é chamado de terapia de resgate. Geralmente é usado quando a pessoa fica paralisada no lugar, evitando que caminhe, por exemplo. A pessoa afetada ou outra pessoa (um familiar, por exemplo) pode injetar o medicamento até 5 vezes por dia, se necessário. Em alguns países, a apomorfina está disponível em uma formulação que pode ser dada às pessoas que apresentam sintomas utilizando-se uma bomba de infusão quando a cirurgia não é uma opção.

A rasagilina e a selegilina pertencem a uma classe de medicamentos chamada inibidores da monoamina oxidase (inibidores da MAO). Previnem a degradação da dopamina, prolongando a ação da dopamina no corpo. Teoricamente, se tomados com determinados alimentos (como alguns queijos), bebidas (como vinho tinto) ou medicamentos, os inibidores da MAO podem ter um grave efeito colateral chamado crise hipertensiva. Entretanto, esse efeito é improvável, quando se está tratando a doença de Parkinson, pois as doses usadas são baixas e o tipo de inibidor da MAO usado (inibidores da MAO tipo B), particularmente rasagilina, é menos provável de ter esse efeito.

Os inibidores de catecol O-metiltransferase (COMT) (entacapona e tolcapona) diminuem a decomposição da levodopa e da dopamina, prolongando seus efeitos e, portanto, parecem ser um suplemento útil à levodopa. Esses medicamentos são utilizados apenas com levodopa. A tolcapona é pouco utilizada uma vez que, raramente, causa lesões no fígado. No entanto, a tolcapona é mais forte que a entacapona e pode ser mais útil se os efeitos “off” são graves ou de longa duração.

Alguns medicamentos anticolinérgicos (dados por seus efeitos anticolinérgicos) são eficazes para diminuir a intensidade do tremor e podem ser utilizados nas primeiras fases da doença de Parkinson. Medicamentos anticolinérgicos comumente utilizados incluem benzotropina e triexifenidil. Medicamentos anticolinérgicos são particularmente úteis para pessoas muito jovens cujo sintoma mais incômodo é o tremor. Esses medicamentos não são utilizados em idosos uma vez que apresentam efeitos colaterais (tais como confusão, sonolência, boca seca, visão turva, tonturas, constipação, dificuldade em urinar e perda de controlo da bexiga) e porque esses medicamentos, quando tomados por um longo período, aumentam o risco de declínio mental. Os mesmos podem reduzir o tremor ao bloquear a ação do neurotransmissor acetilcolina e acredita-se que o tremor seja provocado por um desequilíbrio entre a acetilcolina (em excesso) e a dopamina (em déficit).

Ocasionalmente, outros medicamentos com efeitos anticolinérgicos, como alguns anti-histamínicos e antidepressivos tricíclicos, são utilizados, algumas vezes para reforçar a ação da levodopa. No entanto, visto que esses medicamentos são apenas levemente eficazes e porque muitos efeitos anticolinérgicos são incômodos, esses medicamentos são raramente utilizados para tratar a doença de Parkinson.

Amantadina, um medicamento que se utiliza, por vezes, para tratar a gripe, pode ser administrada isoladamente, para tratar a doença de Parkinson leve, ou como um suplemento da levodopa. A amantadina tem provavelmente muitos efeitos que a fazem funcionar. Por exemplo, estimula as células nervosas para liberarem a dopamina. É utilizada mais frequentemente para ajudar a controlar os movimentos involuntários que são efeitos colaterais da levodopa.

Propranolol, um betabloqueador, pode ser utilizado para reduzir a gravidade de um tremor se o mesmo ficar pior ao suspender um membro em uma posição que exige resistência à força da gravidade (por exemplo, manter os braços estendidos). Tais tremores são chamados tremores posturais.

Estimulação profunda do cérebro

Pessoas com movimentos involuntários devido ao longo uso de levodopa podem se beneficiar da estimulação profunda do cérebro. Minúsculos eletrodos são implantados cirurgicamente na parte dos gânglios basais. Imagem por ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) é utilizada para localizar áreas específicas a serem estimuladas. Ao estimular esta parte, a estimulação profunda do cérebro geralmente reduz bastante os movimentos involuntários e tremores e diminui a parte “off” dos efeitos “on-off”.

Em alguns países, os médicos removem ou utilizam uma pequena sonda elétrica para destruir uma pequena parte do cérebro que é gravemente afetada. Esse procedimento diminui os sintomas. Pode ser seguido por uma estimulação profunda de uma parte diferente do cérebro.

Células-tronco

Verificou-se que o transplante de células-tronco no cérebro, pensado outrora ser um possível tratamento para a doença de Parkinson, não é eficaz e apresenta efeitos colaterais incômodos.

Tratamento de sintomas mentais

Sintomas psicóticos e outros sintomas mentais, se causados pela doença de Parkinson por si, um medicamento ou algo diferente, são tratados.

O uso de determinados medicamentos antipsicóticos — quetiapina, clozapina ou pimavanserina — para tratar sintomas psicóticos em idosos que apresentam doença de Parkinson e demência não é recomendado. No entanto, esses medicamentos ainda são, algumas vezes, utilizados porque, ao contrário de outros antipsicóticos, eles não pioram os sintomas da doença de Parkinson.

Antidepressivos são usados para tratamento da depressão. Os antidepressivos com efeitos anticolinérgicos (como amitriptilina) são, algumas vezes, utilizados. Eles podem ajudar a diminuir o tremor. No entanto, muitos outros antidepressivos são muito eficazes e apresentam menos efeitos colaterais. Os mesmos incluem inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), como fluoxetina, paroxetina, selegilina, citalopram e escitalopram, e outros antidepressivos, como venlafaxina, mirtazapina e bupropiona.

O tratamento de sintomas mentais pode ajudar a diminuir os problemas com movimentos, melhorar a qualidade de vida e, algumas vezes, atrasar a necessidade de ser colocado em uma instituição.

Fonte: Por Hector A. Gonzalez-Usigli , MD, HE UMAE Centro Médico Nacional de Occidente;

Alberto Espay, MD, University of Cincinnati

  • American Parkinson Disease Association, Inc. (APDA)

    National Parkinson Foundation (NPF)

    The Michael J. Fox Foundation for Parkinson’s Research

    Parkinson’s Disease Foundation

    Traduzido por Momento Saúde

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