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Novo tratamento para Fibrose Cística o Trikafta

Novo tratamento aprovado pode beneficiar cerca de 90% dos pacientes com fibrose cística, muitos dos quais não tinham opções terapêuticas aprovadas.

A Food and Drug Administration dos EUA aprovou no dia 21/10/19 o medicamento “Trikafta” (elexacaftor / tezacaftor / ivacaftor and ivacaftor), a primeira terapia de combinação tripla disponível para tratar pacientes com a mutação mais comum da fibrose cística.

Trikafta está aprovado para pacientes com fibrose cística com 12 anos ou mais que tenham pelo menos uma mutação Delta F508 no gene regulador da condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR) que, segundo estimativas, representa cerca de 90% da população com fibrose cística. Contudo, para o Brasil, ele ainda precisa ser aprovado pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para então poder ser submetido à apreciação da Comissão Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias no SUS (CONITEC), e então, se incorporado, estar disponível no SUS. De toda forma, a aprovação no FDA é o primeiro  e importante passo  para que ele seja disponibilizado para os pacientes de todo o mundo. Ainda não há prazos para estas etapas, mas, seguiremos informando. Além disto, vale reforçar que somente o médico poderá informar o paciente se há indicação de tratamento. Somente a equipe de profissionais de saúde poderão avaliar se o paciente é elegível e será beneficiada por esta ou por qualquer outra medicação.

Na FDA, estamos constantemente procurando maneiras de ajudar a acelerar o desenvolvimento de novas terapias para doenças complexas, enquanto mantemos nossos altos padrões de revisão. A aprovação histórica de hoje é uma prova desses esforços que disponibiliza um novo tratamento para a maioria dos pacientes com fibrose cística, incluindo adolescentes, que antes não tinham opções, e dando a outros membros da comunidade de fibrose cística acesso a uma terapia efetiva adicional”, disse  o Comissário interino da FDA, Dr. Ned Sharpless. “Nos últimos anos, observamos avanços notáveis nas terapias para tratar a fibrose cística e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, no entanto, muitos subgrupos de pacientes com fibrose cística não tinham ainda opções de tratamento aprovadas. Por isso utilizamos todos os programas disponíveis, incluindo Priority Review (Revisão Prioritária), Fast Track (Via Rápida), Breakthrough Therapy (Terapia Inovadora), e a designação de medicamento órfão, a fim de ajudar a avançar na aprovação de hoje da maneira mais eficiente possível, ao mesmo tempo que seguindo nossos altos padrões. A FDA continua comprometida com o avanço de novas opções de tratamento para áreas de necessidade não atendida do paciente, em particular para doenças que afetam crianças”.

A fibrose cística é uma doença rara que resulta na formação de muco espesso que se acumula nos pulmões, no trato digestivo e em outras partes do organismo. Isso leva a graves problemas respiratórios e digestivos, bem como a outras complicações como infecções e diabetes. A fibrose cística é causada por uma proteína defeituosa que resulta de mutações no gene CFTR. Embora existam cerca de 2.000 mutações conhecidas do gene CFTR, a mais comum é a mutação Delta F508.

Trikafta é uma combinação de três drogas que tem como alvo a proteína CFTR defeituosa. Ele ajuda a proteína produzida pela mutação do gene CFTR a funcionar de maneira mais efetiva. As terapias disponíveis atualmente que têm como alvo a proteína defeituosa são opções de tratamento para alguns pacientes com fibrose cística, mas muitos pacientes têm mutações não elegíveis para tratamento. Trikafta é o primeiro tratamento aprovado que é efetivo para pacientes com fibrose cística com 12 anos de idade ou mais com pelo menos uma mutação Delta F508, que afeta 90% da população com fibrose cística ou cerca de 27.000 pessoas nos Estados Unidos.

A eficácia de Trikafta em pacientes com fibrose cística com idades de 12 anos ou mais foi demonstrada em dois estudos. O primeiro foi um estudo de 24 semanas, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo em 403 pacientes que tinham uma mutação F508del e uma mutação no segundo alelo, o que resulta na ausência da proteína CFTR ou em uma proteína CFTR que não responde a ivacaftor ou tezacaftor/ivacaftor isolados. O segundo foi um estudo de quatro semanas, randomizado, duplo-cego, de controle ativo em 107 pacientes que tinham duas mutações F508del idênticas.

Em cada estudo, a análise primária examinou aumentos na porcentagem prevista de volume expiratório forçado em um segundo, conhecido como ppFEV1, que é um marcador estabelecido da progressão da doença pulmonar da fibrose cística. Trikafta aumentou a ppFEV1 em ambos os estudos. No primeiro estudo, ele aumentou a média da ppFEV1 em 13,8% a partir da fase basal em comparação com o placebo. No segundo estudo, aumentou a média da ppFEV1 em 10% de fase basal em comparação com tezacaftor/ivacaftor. No primeiro estudo, o tratamento com Trikafta também resultou em melhorias em cloreto no suor, número de exacerbações pulmonares (agravamento dos sintomas respiratórios e função pulmonar), e índice de massa corpórea (relação peso-altura) em comparação com o placebo.

O perfil de segurança de Trikafta é baseado nos dados dos 510 pacientes de fibrose cística nos dois estudos. O perfil de segurança foi em geral semelhante em todos os subgrupos de pacientes. As reações adversas à droga graves que ocorreram com mais frequência em pacientes que receberam Trikafta em comparação com o placebo foram eventos de erupções cutâneas e gripe. As reações adversas à droga mais comuns incluíram: cefaleias, infecções do trato respiratório superior, dores abdominais, diarreia, erupções cutâneas, aumento das enzimas hepáticas (alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase), congestão nasal, aumento da creatina fosfoquinase sanguínea (uma enzima que pode estar associada a lesões musculares), rinorreia (muco na cavidade nasal), rinite (inchaço da membrana mucosa nasal), gripe, sinusite e aumento da bilirrubina no sangue (pode ser causada por problemas que envolvem o fígado, vesícula biliar ou células vermelhas do sangue).

As informações de prescrição para Trikafta incluem alertas relacionados a  testes de função hepática elevados (transaminases e bilirrubina), uso concomitante com outros produtos indutores ou inibidores de outra enzima hepática chamada Citocromo P450 3A4 (CYP3A), e risco de catarata. Antes de iniciar o tratamento, os pacientes e cuidadores devem conversar com um profissional de saúde sobre esses riscos e quaisquer medicamentos que esteja usando.

Os pacientes com fibrose cística devem conversar com um profissional de saúde e realizar testes para compreender quais são suas mutações genéticas. A presença de pelo menos uma mutação Delta F508 deve ser confirmada antes do tratamento, usando um teste de genotipagem aprovado pela FDA. Não foram estabelecidas segurança e eficácia de Trikafta em pacientes de fibrose cística com menos de 12 anos de idade.

A FDA concedeu a essa aplicação Priority Review (Revisão Prioritária), além de Fast Track (Via Rápida) e Breakthrough Therapy Designation (Designação de Terapia Inovadora). Trikafta também recebeu a designação de medicamento órfão, o que proporciona incentivos para auxiliar e promover o desenvolvimento de drogas para doenças raras. Os medicamentos aprovados sob programas acelerados são mantidos nos mesmos padrões de outras aprovações da FDA. Devido ao benefício de Trikafta à comunidade de fibrose cística, a FDA revisou e aprovou esse medicamento em cerca de três meses, antes da data de revisão pretendida, 19 de março de 2020. A aprovação de Trikafta foi concedida à Vertex Pharmaceuticals Incorporated, que receberá um Rare Pediatric Disease Priority Review Voucher (Documento de Revisão Prioritária de Doença Pediátrica Rara) para desenvolver essa terapia.

Sobre a FDA: A FDA, uma agência do U.S. Department of Health and Human Services (Departamento de Saúde e Serviço Social dos EUA), protege a saúde pública garantindo a segurança, eficácia e proteção das drogas para uso em seres humanos e uso veterinário, vacinas e outros produtos biológicos para uso em seres humanos e dispositivos médicos. A agência também é responsável pela segurança e proteção do suprimento de alimentos, cosméticos, suplementos alimentares, produtos que emitem radiação eletrônica, e pela regulamentação dos produtos derivados do tabaco nos EUA.

E no Brasil?

O próximo passo após a aprovação no FDA é o medicamento ser aprovado e registrado pela ANVISA. Esta etapa ainda não tem prazo previsto.

Importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

 

Fonte: Food and Drug Administration (link abaixo), com complementações da Equipe do Unidos pela Vida
https://www.fda.gov/news-events/press-announcements/fda-approves-new-breakthrough-therapy-cystic-fibrosis

Traduzido por: Vera Carvalho, voluntária de tradução para o Instituto Unidos pela Vida. Vera é tradutora profissional com especialidade na área científica.

Revisão e complementação: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, psicóloga – CRP 08/16.156, especialista em análise do comportamento, fundadora e diretora geral do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, membro do Grupo Brasileiro de Estudos em Fibrose Cística, diagnosticada com FC aos 23 anos de idade.

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