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Síndromes de deficiência poliglandular

As síndromes de deficiência poliglandular caracterizam-se pela função subnormal concomitante de várias glândulas endócrinas pelo mesmo motivo. A etiologia costuma ser autoimune. A categorização depende da combinação de deficiências e pertencem a 1 de 3 tipos. O diagnóstico requer medidas das concentrações hormonais e de autoanticorpos contra as glândulas afetadas. O tratamento é feito com reposição dos hormônios ausentes ou deficientes e, algumas vezes, o uso de imunossupressores.

Etiologia

A etiologia é mais frequentemente autoimune. Os fatores de risco de desenvolvimento de autoimunidade incluem:

  • Fatores genéticos

Os fatores genéticos incluem mutação do gene AIRE, que causa o tipo 1, e certos subtipos do antígeno leucocitário humano (HLA), que são importantes no desenvolvimento dos tipos 2 e 3.

Os gatilhos ambientais incluem infecções virais, fatores dietéticos e outros riscos ainda desconhecidos.

Inibidores do checkpoint imune, que são usados para tratar alguns tipos de câncer e estão associados a doenças endócrinas autoimunes, incluindo hipofisite, doença da tireoide, insuficiência adrenal primária e diabetes melitus tipo 1, são um gatilho.

Fisiopatologia

A reação autoimune subjacente envolve autoanticorpos contra tecidos endócrinos, autoimunidade mediada por células ou ambos, e causa inflamação, infiltração linfocitária e destruição parcial ou completa da glândula. Mais de uma glândula endócrina é envolvida, embora as manifestações clínicas nem sempre sejam simultâneas. Reação autoimune e disfunção associada do sistema imunitário também podem lesar tecidos não endócrinos.

Deficiência poliglandular tipo 1

A deficiência poliglandular tipo 1, também conhecida como distrofia ectodérmica-candidíase-poliendocrinopatia autoimune (APECED), geralmente começa na infância. É causada por mutações no gene AIRE e é herdada em um padrão autossômico recessivo. Ele é definido pela presença de ≥ 2 do seguinte:

  • Candidíase mucocutânea crônica

  • Hipoparatireoidismo

  • Insuficiência adrenal ( doença de Addison)

A candidíase costuma ser a manifestação inicial, mais comum em pacientes com < 5 anos. O hipoparatireoidismo ocorre a seguir, geralmente em pacientes com < 10 anos. Por último, a insuficiência adrenal ocorre em pacientes com < 15 anos. Doenças endócrinas e não endócrinas concomitantes  continuam a surgir até os pacientes terem cerca de 40 anos de idade.

Deficiência poliglandular tipo 2

A deficiência poliglandular tipo 2, também conhecida como síndrome de Schmidt, geralmente ocorre em adultos; a maior incidência é aos 30 anos de idade. É 3 vezes mais frequente em mulheres. Está associada a certos genótipos do antígeno leucocitário humano (HLA) e exibe herança poligênica. Tipicamente manifesta-se com o seguinte:

  • Insuficiência adrenal

  • Hipotireoidismo ou hipertireoidismo

  • Diabetes melito tipo 1 (etiologia autoimune)

Deficiência poliglandular tipo 3

O tipo 3 é a insuficiência glandular que costuma ocorrer em adultos, particularmente nas mulheres de meia-idade Também está associada a certos genótipos HLA e exibe herança poligênica. Caracteriza-se por

  • Hipotireoidismo

  • Pelo menos uma das variedades de outras doenças

O tipo 3 não envolve o córtex adrenal.

O aspecto clínico dos pacientes com síndrome de deficiência poliglandular é a soma das deficiências endócrinas individuais e das doenças não endócrinas associadas; seus sinais e sintomas são discutidos em outros locais deste Manual. As deficiências nem sempre surgem ao mesmo tempo e podem levar anos para se manifestar; nesses casos, não seguem uma sequência em particular.

Diagnóstico

  • Medidas das concentrações dos hormônios

  • Às vezes, títulos de anticorpos

Suspeita clínica de síndrome de deficiência poliglandular com diagnóstico confirmado pela detecção da deficiência hormonal. Outras causas de deficiências endócrinas múltiplas incluem disfunções hipotalâmico-hipofisárias e disfunções endócrinas coincidentes de causas distintas (p. ex., hipoadrenalismo por tuberculose e hipotireoidismo não autoimune no mesmo paciente).

Já a deficiência poliglandular tipo 1 está associada a autoanticorpos contra interferons do tipo 1, e a presença desses anticorpos sugere o diagnóstico, que pode ser confirmado pela análise mutacional do gene AIRE. A detecção dos auto anticorpos do tecido glandular afetado pode ser útil para diferenciar disfunção poliglandular autoimune de outras causas e concentrações elevadas de hormônios tróficos (p. ex., TSH) sugerem que o eixo hipotálamo-hipófise está intacto (embora alguns pacientes com disfunção poliglandular autoimune tipo 2 apresentem insuficiência hipotalâmico-hipofisária).

Como podem se passar décadas antes do aparecimento de todas as manifestações, é prudente fazer acompanhamento por toda a vida; hipoparatireoidismo ou insuficiência adrenal não percebidos podem causar risco de morte.

Os parentes devem estar cientes do diagnóstico e se submeter à triagem quando apropriado. Estudos que acompanharam parentes de pacientes com diabetes tipo 1 à procura de desenvolvimento de autoimunidade encontraram anticorpos associados com o diabetes tipo 1, doença celíaca e/ou doença da tireoide em 21,5% dos indivíduo

Referência sobre classificação

  • 1. Husebye ES, Anderson MS, Kampe O: Autoimmune polyendocrine syndromes. New England Journal of Medicine 378:1132–1141, 2018. doi: 10.1056/NEJMra1713301

Fonte: Por John D. Carmichael, MD, Keck School of Medicine of the University of Southern California traduzido por Momento Saúde

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