- O câncer de endométrio geralmente afeta mulheres após a menopausa.
- Às vezes, causa sangramento vaginal anômalo.
- Para diagnosticar esse câncer, o médico remove uma amostra de tecido do endométrio para ser analisada (biópsia).
Geralmente, são removidos o útero, os ovários, as trompas de Falópio e, às vezes, os linfonodos adjacentes, frequentemente seguido por radioterapia e, às vezes, por quimioterapia.
A maioria dos casos de câncer do útero começa no revestimento do útero (endométrio) e são mais precisamente denominados câncer de endométrio (carcinoma). O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2023, sejam diagnosticados 16.590 novos casos de câncer de colo do útero no Brasil, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres, ocupando a terceira posição. Esse tipo de câncer geralmente se desenvolve após a menopausa, mais frequentemente em mulheres entre 50 a 60 anos de idade. Mais de 90% dos casos ocorrem em mulheres com mais de 50 anos.
Câncer de endométrio
O câncer de endométrio geralmente é classificado da seguinte forma:
- O câncer tipo I é o tipo mais comum, responde ao estrogênio e não é muito agressivo. Geralmente ocorre em mulheres mais jovens ou obesas ou em mulheres atravessando a perimenopausa (os anos antes e o ano após a última menstruação).
- O câncer tipo II é mais agressivo e geralmente ocorre em mulheres mais velhas. Aproximadamente 10% dos casos de câncer de endométrio são do tipo II.
Causas
O câncer de endométrio é mais comum em países desenvolvidos, onde a dieta é rica em gordura.
Os fatores de risco mais importantes para o câncer de endométrio são:
- Idade acima de 50 anos
- Quadros clínicos que causam um nível elevado de estrogênio, mas não de progesterona
- Obesidade
- Diabetes
Outros fatores de risco para o câncer de endométrio incluem:
- Ter tido câncer de mama ou de ovário
- Ter tido ou ter um familiar com câncer de mama ou de ovário, um tipo de câncer hereditário do intestino grosso (cólon) ou, possivelmente, câncer de endométrio
- Ter sido submetido a radioterapia direcionada na pelve
- Usar tamoxifeno por cinco anos ou mais
- Ter hipertensão arterial
Quadros clínicos que causam um nível elevado de estrogênio, mas não de progesterona, incluem:
- Menstruar pela primeira vez (menarca) cedo, atingir a menopausa após os 52 anos de idade, ou ambos
Ter problemas menstruais relacionados à liberação do óvulo (ovulação), geralmente acompanhados de sintomas, como sangramento excessivo durante as menstruações, manchas entre as menstruações ou intervalos longos sem menstruar:
- Não ter filhos
- Ter síndrome do ovário policístico
- Ser obesa
- Ter tumores que produzem estrogênio
Tomar medicamentos que contenham estrogênio, como a terapia com estrogênio sem progestina (medicamento sintético semelhante ao hormônio progesterona), após a menopausa
O estrogênio promove o crescimento do tecido e a divisão celular rápida no revestimento do útero (endométrio). A progesterona ajuda a equilibrar os efeitos do estrogênio. Os níveis de estrogênio são altos durante parte do ciclo menstrual. Assim, ter mais períodos menstruais durante toda a vida pode aumentar o risco de câncer de endométrio.
Já o tamoxifeno, um medicamento usado no tratamento do câncer de mama, bloqueia os efeitos do estrogênio na mama, mas tem os mesmos efeitos do estrogênio no útero. Assim, esse medicamento pode aumentar o risco de câncer de endométrio. Tomar contraceptivos orais que contêm estrogênio e progestina parece reduzir o risco de câncer de endométrio.
Em aproximadamente 5% das mulheres com câncer de endométrio, a hereditariedade é um fator. Aproximadamente metade dos casos que envolvem hereditariedade ocorrem em mulheres que têm ou tiveram parentes com uma apresentação hereditária de câncer de cólon denominada síndrome de Lynch (carcinoma colorretal não polipoide hereditário).
Sintomas
Sangramento vaginal anômalo é o sintoma inicial mais comum do câncer de endométrio. O sangramento anômalo inclui:
- Sangramento após a menopausa
- Sangramento entre as menstruações
- Menstruações que são irregulares, intensas ou mais longas que o normal
Aproximadamente uma em cada três mulheres com sangramento vaginal após a menopausa tem câncer de endométrio. A mulher que apresenta sangramento vaginal após a menopausa deve consultar um médico imediatamente. Uma secreção líquida, tingida de sangue também pode ocorrer. A mulher que está na pós-menopausa pode ter secreção vaginal durante várias semanas ou meses, seguido de sangramento vaginal.
Diagnóstico
Biópsia
Às vezes, dilatação e curetagem com histeroscopia
O médico pode suspeitar que a mulher tem câncer de endométrio se ela apresentar um dos itens a seguir:
Ela apresenta os sintomas característicos, tais como sangramento vaginal após a menopausa ou entre as menstruações ou menstruações irregulares, intensas ou excepcionalmente demoradas
O resultado de um exame de Papanicolau, que é geralmente realizado como parte de um exame de rotina, está alterado.
Em caso de suspeita de câncer, o médico tira uma amostra de tecido do endométrio (biópsia do endométrio) em seu consultório e envia a um laboratório para análise. Uma biópsia endometrial detecta com precisão o câncer de endométrio em mais de 90% dos casos.
Se o diagnóstico ainda for incerto ou sugerir a presença de câncer, o médico coleta tecido do revestimento do útero por raspagem para análise, um procedimento denominado dilatação e curetagem (D e C).
Ao mesmo tempo, o médico geralmente examina o interior do útero com um tubo de visualização fino e flexível inserido através da vagina e do colo do útero durante um procedimento chamado de histeroscopia. Como alternativa, um dispositivo de ultrassom pode ser inserido através da vagina até o útero (chamado de ultrassonografia transvaginal) para avaliar as anomalias. Contudo, mesmo assim é necessário fazer uma biópsia para poder fazer o diagnóstico.
Se for diagnosticado câncer de endométrio, alguns ou todos os procedimentos a seguir podem ser realizados:
- Exames de sangue
- Exames de função renal e hepática (em amostras de sangue ou de urina)
- Radiografia do tórax
- Eletrocardiograma
Uma tomografia computadorizada (TC) será realizada caso os resultados do exame físico ou de outros exames sugerirem que o câncer se disseminou além do útero. Às vezes, outros procedimentos são necessários.
Estadiamento do câncer de endométrio
O estadiamento se baseia nas informações obtidas a partir desses procedimentos e durante a cirurgia para remoção do câncer.
Os estádios se baseiam no grau de disseminação do câncer. Os estádios variam de I (mais inicial) a IV (avançado):
- Estádio I: O câncer ocorre somente na parte superior do útero, não na parte inferior (colo do útero).
- Estádio II: O câncer se disseminou até o colo do útero.
- Estádio III: O câncer se disseminou até os tecidos adjacentes, a vagina ou os linfonodos.
- Estádio IV: O câncer se disseminou até a bexiga e/ou o intestino ou até órgãos distantes.
Prognóstico
O prognóstico depende do estádio do câncer de endométrio.
Já as porcentagens de mulheres que continuam vivas cinco anos após o diagnóstico e tratamento (a taxa de sobrevida de cinco anos) são:
- Estádio I ou II: 70% a 95% (a maioria é curada)
- Estádio III ou IV: 10% a 60%
Via de regra, 63% das mulheres está sem câncer cinco anos após o tratamento.
Geralmente, o prognóstico será melhor se
O câncer de endométrio não tiver se disseminado além do útero.
O câncer estiver crescendo de modo relativamente lento.
A mulher é mais nova quando o câncer é detectado.
O prognóstico geralmente é pior no caso de sarcomas do que no caso de adenocarcinomas em mulheres com câncer de endométrio.
Prevenção
Não existe nenhum tipo de medida que consiga prevenir o aparecimento de câncer de endométrio. Contudo, o risco de ter câncer de endométrio pode ser reduzido ao minimizar ou evitar quadros clínicos e atividades que aumentam o risco.
Por exemplo, obesidade e hipertensão arterial aumentam o risco de ter câncer de endométrio. Assim, perder peso, praticar exercícios com regularidade e consumir uma dieta saudável pode ser útil.
Tratamento
A remoção do útero, das trompas de Falópio e dos ovários
Remoção dos linfonodos adjacentes
No caso de câncer mais avançado, radioterapia com ou sem quimioterapia
Histerectomia (a remoção cirúrgica do útero) é o tratamento mais aceito para mulheres com câncer de endométrio. Se o câncer não tiver se disseminado além do útero, a remoção do útero, além de remoção das trompas de Falópio e dos ovários (salpingo-ooforectomia) quase sempre cura o câncer. A não ser que o câncer esteja muito avançado, a histerectomia melhora o prognóstico.
Os linfonodos adjacentes geralmente são removidos ao mesmo tempo. Esses tecidos são examinados por um patologista para determinar se o câncer se disseminou e, nesse caso, o grau de disseminação. Com essas informações, o médico consegue determinar se é necessário tratamento adicional (quimioterapia, radioterapia ou progestina) após a cirurgia.
O médico pode remover o útero, as trompas de Falópio e os ovários através de um dos métodos a seguir:
Fazer uma incisão no abdômen (cirurgia aberta)
Utilizar um tubo de visualização fino (laparoscópio) introduzido através de uma pequena incisão logo abaixo do umbigo, depois inserir instrumentos através do laparoscópio, às vezes assistido por robô (cirurgia laparoscópica)
Remover os tecidos através da vagina (cirurgia vaginal)
Tratamento do câncer de endométrio que se disseminou até o colo do útero ou até os tecidos ao redor, a vagina ou os linfonodos.
Com a Radioterapia, com ou sem quimioterapia, é necessária caso o câncer tenha se disseminado até o colo do útero (estádio II) ou até os tecidos ao redor, a vagina ou até os linfonodos (estádio III). Geralmente, também é feita cirurgia para remover o útero, as trompas de Falópio e os ovários.
Tratamento do câncer de endométrio muito avançado
No caso de câncer muito avançado (estádio IV), o tratamento varia, mas geralmente envolve uma combinação de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e, ocasionalmente, progestinas (medicamentos sintéticos similares ao hormônio progesterona).
A radioterapia pode ser administrada após a cirurgia caso algumas células cancerosas não detectadas tenham permanecido. Se o câncer tiver se disseminado até o colo do útero ou para fora do útero, a radioterapia geralmente é recomendada após a cirurgia. Em alguns casos (por exemplo, quando o câncer se disseminou até o colo do útero, um ovário ou até os linfonodos), cirurgia e radioterapia resultam em melhor prognóstico.
Se o câncer tiver se disseminado até órgãos distantes ou houver recorrência, medicamentos quimioterápicos (como carboplatina, cisplatina, doxorrubicina e paclitaxel) podem ser usados em vez de radioterapia ou, às vezes, combinados com ela. Esses medicamentos reduzem o tamanho do câncer e controlam sua disseminação em mais da metade das mulheres tratadas. No entanto, são tóxicos e têm muitos efeitos colaterais.
Às vezes são usadas progestinas. Esses medicamentos são muito menos tóxicos que os medicamentos quimioterápicos.
Fonte: Por Pedro T. Ramirez , MD, The University of Texas MD Anderson Cancer Center;
Gloria Salvo, MD, MD Anderson Cancer Center traduzido por Momento Saúde.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA)