A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou que o medicamento Dupixent (dupilumabe) poderá ser utilizado no tratamento da dermatite atópica grave em crianças e adolescentes. Essa decisão é resultado de uma consulta pública aberta pela ANS, na qual pacientes, médicos, cuidadores, associações de pacientes e a sociedade civil puderam manifestar sua opinião a favor a inclusão do medicamento nos planos de saúde no Brasil.
A publicação define que, a partir do dia 02 de maio de 2024, passa a ser obrigação dos planos de saúde a cobertura do dupilumabe para esses pacientes, desde que sejam cumpridos os critérios de elegibilidade.
Segundo a titular da SBD, a expectativa, a partir de agora, é que o Sistema Único de Saúde (SUS) inclua o medicamento. Afinal, para aqueles que não são beneficiários da rede privada de saúde, o acesso ao medicamento continua acontecendo por meio de compras em farmácias de alto custo, podendo chegar a um valor de R$ 12 mil.
Sobre a Dermatite Atópica Grave
Segundo a médica Silvia Soutto Mayor, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a dermatite atópica é comum em crianças e adolescentes, afetando até 20% da população jovem globalmente.
A dermatite atópica é uma doença crônica e inflamatória da pele que afeta crianças e adultos, causando sintomas como coceira intensa, erupções cutâneas, ressecamento e vermelhidão da pele. Nos casos mais graves, a dermatite atópica pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, interferindo no sono, no bem-estar emocional e nas atividades diárias.
Até o momento, o Dupilumabe estava disponível apenas para adultos com dermatite atópica grave. No entanto, estudos recentes mostraram resultados promissores em crianças e adolescentes, proporcionando melhorias consistentes nas lesões cutâneas, na coceira, no sono, na ansiedade, na depressão e na qualidade de vida desses pacientes.
O que causa a dermatite atópica?
Essencialmente, a dermatite atópica está ligada a fatores genéticos, de acordo com o dermatologista Heitor Gonçalves, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Apesar disso, fatores externos podem disparar e piorar os sintomas, segundo o especialista.
“Pessoas com essa tendência genética, sob determinadas condições, sofrem alterações no sistema imunológico que levam a reações exacerbadas. Isso resulta na produção de substâncias inflamatórias e na diminuição da barreira de proteção de pele. Consequentemente, a pele fica mais suscetível à perda de água e mais seca, o que facilita o surgimento de inflamações”, descreve Gonçalves.
Sobre a Liminar
O parecer preliminar da ANS na Consulta Pública nº 125 foi favorável à incorporação do Dupilumabe para o tratamento de dermatite atópica grave em crianças a partir de 6 meses e adolescentes até 18 anos. Essa decisão representa um avanço significativo no cuidado da dermatite atópica em faixas etárias onde há uma alta prevalência da doença.
O dermatologista Wagner Galvão, especialista em doenças dermatológicas graves, ressalta a importância dessa incorporação, especialmente para crianças e adolescentes que enfrentam casos graves de dermatite atópica. Ele destaca que a falta de opções de tratamento adequado nessa faixa etária pode levar a consequências irreversíveis para os pacientes e suas famílias.
Ainda é comum o uso de medicamentos off-label e corticoides sistêmicos em casos graves de dermatite atópica, mesmo com os efeitos colaterais associados a essas terapias. A incorporação do Dupilumabe nos planos de saúde oferecerá uma opção terapêutica mais eficaz e segura para crianças e adolescentes, evitando complicações futuras, como catarata e osteoporose decorrentes do uso prolongado de corticoides.
Mas a decisão final sobre a incorporação do Dupilumabe para o tratamento da dermatite atópica grave em crianças e adolescentes foi baseada nas contribuições recebidas durante a consulta pública e em análises técnicas realizadas pela ANS.
Portanto essa medida representa um importante passo no cuidado da dermatite atópica, proporcionando uma opção terapêutica mais abrangente e eficaz para crianças e adolescentes que sofrem com essa condição. A inclusão do Dupilumabe nos planos de saúde poderá melhorar significativamente a qualidade de vida desses pacientes, reduzindo os sintomas da doença e minimizando seus impactos físicos e emocionais.
Fonte: https://portal.afya.com.br/ Tatiane Puga Lima – Momento Saúde
