Síndrome de Marfan

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A síndrome de Marfan é causada por mutações no gene que codifica uma proteína chamada fibrilina. A fibrilina ajuda o tecido conjuntivo a manter sua força. O tecido conjuntivo é o tecido resistente e normalmente fibroso que une as estruturas do corpo e fornece sustentação e elasticidade.

Se o gene da fibrilina sofrer mutação, algumas fibras e outras partes do tecido conjuntivo passam por alterações que acabam enfraquecendo o tecido. A fraqueza afeta os ossos e as articulações, bem como as estruturas internas, como o coração, os vasos sanguíneos, os olhos, os pulmões e o sistema nervoso central (o cérebro e a medula espinhal).

Os tecidos debilitados se distendem, distorcem e podem até se romper. Por exemplo, a aorta (a principal artéria do corpo) pode enfraquecer, ficar saliente ou rasgar. Tecidos fracos em uma válvula cardíaca podem causar o vazamento da válvula. Os tecidos conjuntivos que unem estruturas podem se enfraquecer ou se romper, separando estruturas anteriormente unidas. O cristalino e a retina do olho podem, por exemplo, se soltar da sua fixação normal.

Sintomas da síndrome de Marfan

Os sintomas da síndrome de Marfan variam de leves a graves. Muitas pessoas com síndrome de Marfan nunca notam os sintomas. Em algumas pessoas, os sintomas podem apenas se tornar evidentes na idade adulta.

Problemas musculoesqueléticos

As pessoas com síndrome de Marfan são mais altas que o esperado para a sua idade e hereditariedade. A amplitude dos braços (a distância entre as pontas dos dedos com os braços estendidos) é superior à altura delas. Os dedos da mão são compridos e finos. O esterno está frequentemente deformado, o que faz com que ele sobressaia ou afunde.

Já as articulações podem ser muito flexíveis. Pés chatos, uma deformidade da articulação dos joelhos que faz com que os joelhos se dobrem para trás e uma corcunda com curvatura anômala da coluna vertebral (cifoescoliose), bem como hérnias, são frequentes. Essas pessoas em geral têm pouca gordura sob a pele. O céu da boca costuma ser alto.

Problemas cardíacos

As complicações mais perigosas se desenvolvem no coração e nos pulmões. Pode se desenvolver fraqueza do tecido conjuntivo na parede da aorta. A fraqueza da parede pode resultar em infiltração de sangue entre as camadas internas da parede da aorta (dissecção aórtica), causando uma laceração ou saliência (aneurisma) que pode se romper. Estes problemas algumas vezes se desenvolvem antes de a criança ter dez anos de idade.

A gravidez eleva o risco de dissecção da aorta. O parto por cesariana (cesariana) costuma ser recomendado para minimizar o risco.

Caso a aorta se alargue ou dilate gradativamente, a válvula aórtica, que vai do coração à aorta, pode apresentar vazamento (um quadro clínico denominado regurgitação aórtica). O alargamento da aorta ocorre em 50% das crianças e em 60 a 80% dos adultos. A válvula mitral, localizada entre o átrio e o ventrículo esquerdos, pode apresentar vazamento (regurgitação mitral) ou projetar-se para dentro do átrio esquerdo (prolapso da válvula mitral).

Essas anomalias das válvulas cardíacas podem prejudicar a capacidade do coração de bombear o sangue. As válvulas cardíacas anômalas podem também apresentar infecções graves (endocardite infecciosa).

Problemas pulmonares

Bolsas que contêm ar (cistos) podem se desenvolver nos pulmões. Os cistos podem se romper e encher de ar o espaço que circunda os pulmões (pneumotórax). Estes distúrbios podem causar dor e falta de ar.

Problemas oculares

O cristalino de um ou de ambos os olhos pode sair do lugar (deslocamento). As pessoas são muito míopes (incapazes de ver objetos distantes com nitidez). A zona sensível à luz na parte posterior do olho (retina) pode se descolar do resto do olho. O deslocamento do cristalino e o descolamento da retina podem causar perda permanente da visão.

Problemas da medula espinhal

O saco que envolve a medula espinhal pode se alargar (chamado de ectasia dural). A ectasia dural é comum em pessoas com a síndrome de Marfan e ocorre com mais frequência nas partes inferiores da coluna. Ela pode causar dor de cabeça, dor lombar ou outros problemas neurológicos como, por exemplo, fraqueza do intestino ou da bexiga.

Diagnóstico da síndrome de Marfan

  • Avaliação médica
  • Exames genéticos
  • Ecocardiograma
  • Ressonância magnética (RM)
  • Radiografias
  • Exames de olho

O médico pode suspeitar do diagnóstico de síndrome de Marfan caso a pessoa seja excepcionalmente alta, magra e tenha qualquer um dos sintomas característicos, ou se algum outro familiar (parentes de primeiro grau como o pai, a mãe ou irmão ou irmã) foi diagnosticado com síndrome de Marfan. O médico também faz o diagnóstico tomando por base critérios específicos relacionados ao grau pelo qual determinados sistemas orgânicos, por exemplo, o coração, os olhos e os ossos são afetados.

É possível que o médico faça uma análise dos genes, geralmente a partir de uma amostra de sangue, para ajudar a diagnosticar a síndrome de Marfan.

O médico monitora quanto à presença de complicações que podem causar sintomas graves. A pessoa deve fazer exames de coração, ossos e dos olhos todos os anos para ver se eles estão piorando. Essa avaliação anual geralmente inclui um ecocardiograma do coração e da aorta; radiografias da mão, da coluna vertebral, da pelve, do tórax, do pé e do crânio e um exame dos olhos. Exames de RM também podem ser realizados para avaliar problemas do coração e do cérebro. Ecocardiograma e exames oculares também são realizados cada vez que surgem sintomas.

Prognóstico da síndrome de Marfan

Anos atrás, a maioria das pessoas com síndrome de Marfan morria por volta dos 40 anos de idade. Hoje em dia, as pessoas com síndrome de Marfan têm quase a mesma expectativa de vida que as pessoas que não têm essa doença. A prevenção da dissecção e da ruptura aórtica provavelmente explica o aumento da longevidade.

Tratamento da síndrome de Marfan

  • Betabloqueadores
  • Às vezes, reparo cirúrgico da aorta e das válvulas
  • Às vezes, uma órtese e, às vezes, cirurgia para reparar a curvatura da coluna

Não existe cura para a síndrome de Marfan, nem forma de corrigir as anomalias do tecido conjuntivo.

O objetivo do tratamento da síndrome de Marfan é prevenir e/ou reparar complicações perigosas.

Betabloqueadores (como atenolol e propranolol) são medicamentos que diminuem a frequência cardíaca e diminuem a força das contrações cardíacas. Esses medicamentos são administrados para que o sangue flua mais suavemente pela aorta.

Contudo, caso tenha ocorrido o alargamento da aorta ou o surgimento de um aneurisma, a parte afetada deve ser corrigida ou cirurgicamente substituída. Regurgitação grave da válvula também é reparada cirurgicamente. Gestantes correm risco especialmente elevado de complicações na aorta. Assim, o reparo da aorta antes da concepção deve ser discutido. Bloqueadores dos receptores da angiotensina II (como losartana e candesartana) são outros medicamentos que também podem ser administrados para reduzir a pressão arterial.

Um deslocamento do cristalino ou da retina pode ser em geral retificado com cirurgia.

Uma órtese é usada para tratar uma curvatura anômala (escoliose) da coluna pelo máximo de tempo possível. Contudo, algumas crianças precisam de um procedimento cirúrgico para corrigir a curvatura.

Fonte: Por Frank Pessler, MD, PhD, Helmholtz Centre for Infection Research traduzido por Tatiane Puga Lima – Momento Saúde

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