O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente entre as mulheres no Brasil, representando cerca de 30% dos diagnósticos de neoplasias femininas, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
A luta contra a doença vai muito além da prevenção: envolve diagnóstico precoce, tratamento adequado e acesso a tecnologias modernas.
Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou um avanço importante: a ampliação da oferta de medicamentos para o câncer de mama no SUS, que passam a estar disponíveis a partir de outubro.
Essa medida faz parte de uma estratégia que inclui não apenas o fornecimento de fármacos inovadores, mas também melhorias no rastreamento e na realização de mamografias.
O que muda no tratamento pelo SUS
Em dezembro de 2024, o Ministério da Saúde publicou a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do câncer de mama, documento que orienta a rede pública sobre como conduzir os casos da doença.
Com base nesse protocolo, alguns medicamentos já haviam sido incorporados desde 2021, mas ainda não estavam disponíveis na rede pública por entraves de logística, negociação e regulamentação. Agora, com a definição de preços e a finalização dos processos, esses tratamentos finalmente chegam às pacientes do SUS.
Quais medicamentos serão ofertados
Embora o Ministério da Saúde não tenha divulgado publicamente a lista completa, os medicamentos estão ligados ao tratamento do câncer de mama avançado e metastático, principalmente o subtipo HER2 positivo e o hormônio-dependente (HR+).
Entre os fármacos incorporados nos últimos anos ao SUS estão:
Trastuzumabe deruxtecana (para pacientes com câncer de mama HER2 positivo);
Pertuzumabe, usado em combinação com trastuzumabe e quimioterapia;
Ribociclibe, indicado para câncer de mama avançado HR+ em combinação com terapia hormonal.
Esses medicamentos já estavam aprovados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), mas aguardavam efetiva disponibilização.
Importância do acesso precoce
O tempo é um fator determinante no câncer de mama. Estudos do INCA e da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a chance de cura pode chegar a 95% quando a doença é detectada em estágios iniciais.
Ao ampliar a oferta de medicamentos no SUS, o governo busca garantir que pacientes em estágios avançados também tenham acesso a terapias modernas, capazes de controlar a progressão da doença e proporcionar melhor qualidade de vida.
Ampliação do rastreamento e mamografias
Além da incorporação dos medicamentos, o Ministério da Saúde também anunciou esforços para fortalecer o rastreamento do câncer de mama, descritos a seguir:
Expansão da oferta de mamografias, especialmente em regiões com baixa cobertura;
Capacitação de profissionais de saúde para identificar sinais precoces da doença;
Campanhas educativas de conscientização, reforçando a importância do diagnóstico precoce.
De acordo com o governo, a meta é aumentar o número de exames realizados no SUS e reduzir as disparidades regionais.
O desafio do câncer de mama no Brasil
Segundo dados do INCA, o Brasil teve uma estimativa em média de quase 70 mil novos casos de câncer de mama anualmente. Isso mostra que apesar dos avanços, ainda existem muitas barreiras, como:
Atrasos no diagnóstico: muitas mulheres descobrem a doença em estágio avançado.
Desigualdade regional: regiões Norte e Nordeste têm menos acesso a exames e tratamentos.
Sobrecarga do sistema de saúde: a demanda crescente pressiona a rede pública.
Com a entrada de novos medicamentos para o câncer de mama no SUS, espera-se reduzir parte dessas desigualdades, oferecendo alternativas terapêuticas antes restritas a convênios e clínicas privadas.
Como funciona a incorporação de medicamentos no SUS
O processo de inclusão de um novo medicamento ao SUS envolve diversas etapas:
Proposta de incorporação apresentada por sociedades médicas, pacientes ou pela própria indústria.
Avaliação pela Conitec, que analisa custo-efetividade, impacto orçamentário e evidências científicas.
Consulta pública, permitindo a participação da sociedade civil.
Decisão final do Ministério da Saúde, que publica a portaria de incorporação.
Disponibilização na rede, após negociação de preços e logística de distribuição.
No caso do câncer de mama, parte desse processo se arrastou por mais de três anos, gerando frustração entre pacientes e especialistas.
Expectativas da comunidade médica e dos pacientes
A notícia da ampliação foi recebida com entusiasmo por organizações que há anos luta pelo acesso universal a terapias inovadoras.
Especialistas destacam que o acesso a medicamentos modernos pode aumentar a sobrevida global das pacientes, reduzir efeitos colaterais em comparação com quimioterapias tradicionais e também possibilitar mais opções terapêuticas, respeitando as características de cada paciente.
Perspectivas para o futuro
A expectativa é que o SUS siga ampliando a oferta de terapias contra o câncer, incluindo imunoterapias e medicamentos de última geração. Além disso, iniciativas para fortalecer a atenção básica, agilizar exames e integrar sistemas de informação serão fundamentais para garantir diagnósticos mais rápidos e tratamentos efetivos.
O desafio agora é assegurar que esses medicamentos cheguem, de fato, a todos os cantos do país, garantindo acesso equitativo.
Conclusão
A ampliação dos medicamentos para o câncer de mama no SUS representa um marco na luta contra a doença. A medida fortalece o sistema público de saúde, amplia as opções de tratamento e oferece esperança a milhares de brasileiras que dependem exclusivamente do SUS.
Com a chegada desses fármacos em outubro, aliada ao fortalecimento do rastreamento e da mamografia, o Brasil dá um passo importante rumo à redução da mortalidade por câncer de mama e à promoção de uma saúde mais justa e acessível.
Fontes:
Ministério da Saúde;
INCA;
Futuro da Saúde;
Femama;
OMS;
Agência Brasil.