DNA-HPV substitui Papanicolau no SUS e revoluciona prevenção

Utensílios que representam o exame de Papanicolau + subtítulo

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Introdução

O Sistema Único de Saúde (SUS) deu um passo histórico na prevenção do câncer de colo do útero ao incluir o exame molecular DNA-HPV como método principal de rastreamento. Desenvolvida no Brasil, essa tecnologia começará a substituir gradualmente o tradicional exame de Papanicolau, realizado há décadas. A mudança representa não apenas mais eficácia no diagnóstico precoce, mas também um avanço social, já que o novo exame permite até mesmo a autocoleta, ampliando o acesso para milhões de mulheres.

Neste artigo, você vai entender o que é o DNA-HPV, por que ele é considerado mais eficiente que o Papanicolau, quais são os impactos para o SUS e para a população, além de conhecer as vantagens práticas e os desafios da implementação dessa nova estratégia de saúde pública.

O que é o exame DNA-HPV?

O DNA-HPV é um teste molecular capaz de identificar a presença do Papilomavírus Humano (HPV), principal agente causador do câncer do colo do útero. Diferentemente do Papanicolau, que detecta alterações celulares já instaladas, o DNA-HPV consegue flagrar o vírus antes mesmo de provocar lesões.

Segundo o Ministério da Saúde, esse tipo de exame é mais sensível e preciso, permitindo detectar casos em estágios iniciais, quando o tratamento é menos agressivo e apresenta melhores resultados. Isso significa mais chances de cura e menos sofrimento para as pacientes.

Por que substituir o Papanicolau?

O exame de Papanicolau foi fundamental para a redução da mortalidade por câncer cervical ao longo dos últimos 50 anos. Contudo, ele apresenta limitações importantes:

  • Detecta apenas células já alteradas, ou seja, quando o processo de doença já começou.

  • Tem sensibilidade reduzida, o que significa que pode falhar em alguns diagnósticos.

  • Requer coleta ginecológica em consultório, o que ainda é uma barreira para muitas mulheres.

Já o DNA-HPV traz avanços significativos:

  • Maior sensibilidade: identifica o vírus antes de causar alterações celulares.

  • Maior alcance: permite a autocoleta, facilitando o acesso em áreas remotas.

  • Intervalo maior entre exames: como é mais preciso, pode ser repetido a cada 5 anos, em vez de anualmente.

De acordo com a ginecologista oncológica Ailma Larre, integrante da Aliança Nacional para Eliminação do Câncer do Colo do Útero, “o DNA-HPV permite diagnosticar lesões em fase pré-câncer, aumentando as chances de tratamento precoce e eficaz”.

O impacto do DNA-HPV na saúde pública

A introdução do exame DNA-HPV no SUS vai muito além de um avanço tecnológico: ela traz efeitos diretos na saúde da população e no orçamento público.

1. Redução da incidência de câncer de colo do útero

Estudos indicam que a adoção do DNA-HPV pode reduzir em até 40% os casos de câncer invasivo ao longo dos anos, segundo estimativas do Instituto Vencer o Câncer.

2. Economia para o SUS

Pesquisas de custo-efetividade mostram que a nova estratégia pode gerar uma economia de até 30% nos gastos com exames laboratoriais e tratamentos, liberando recursos para outras áreas da saúde.

3. Menos consultas e procedimentos

Como o teste é mais eficaz, os intervalos entre coletas podem ser ampliados, reduzindo a sobrecarga dos serviços e melhorando a logística do rastreamento.

Autocoleta: um avanço em acessibilidade

Uma das grandes novidades do DNA-HPV é a possibilidade de autocoleta. Nessa modalidade, a própria paciente pode realizar a coleta do material genético com um kit simples, após receber orientações adequadas. Estudos apontam que a autocoleta apresenta resultados tão confiáveis quanto a coleta feita em consultório, desde que o procedimento seja corretamente orientado.

Essa alternativa é especialmente relevante para mulheres que vivem em regiões remotas, com acesso limitado a consultórios, mulheres que enfrentam barreiras culturais ou pessoais para realizar exames ginecológicos e mulheres que já abandonaram o rastreamento por medo, vergonha ou dificuldade de locomoção.

Quem deve fazer o exame?

Segundo o Ministério da Saúde e o INCA, o público-alvo do exame DNA-HPV no SUS são mulheres entre 25 e 64 anos. A recomendação é que o exame seja feito a cada 5 anos, desde que o resultado seja negativo. Em caso de resultado positivo, o Papanicolau continuará sendo usado como exame complementar, para identificar se já existem alterações celulares causadas pelo vírus.

A importância da vacinação contra HPV

O exame DNA-HPV é um marco, mas ele não substitui outra medida essencial: a vacinação contra HPV. O SUS oferece a vacina gratuitamente para meninas e meninos de 9 a 14 anos e pessoas imunossuprimidas (como portadores de HIV).

Quando associadas — vacinação e rastreamento —, essas estratégias podem levar o Brasil a alcançar a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública até 2030.

Desafios para a implementação

Apesar de todas as vantagens, a implementação do DNA-HPV em larga escala enfrenta alguns desafios:

  • Treinamento de profissionais de saúde em todo o país.

  • Garantia de acesso à autocoleta em regiões mais afastadas.

  • Campanhas educativas para conscientizar a população sobre a importância do exame.

  • Infraestrutura laboratorial para processar os testes de forma ágil.

Conclusão

A substituição gradual do Papanicolau pelo exame DNA-HPV no SUS é uma conquista significativa para a saúde feminina no Brasil. A nova tecnologia aumenta a precisão dos diagnósticos, amplia o acesso ao rastreamento e reduz custos, trazendo benefícios diretos para milhões de mulheres e para o sistema público de saúde.

Com a combinação de vacinação, diagnóstico precoce e tratamentos cada vez mais eficazes, o Brasil dá passos firmes rumo à eliminação do câncer do colo do útero, uma doença que ainda é responsável por milhares de mortes todos os anos, mas que pode ser prevenida e controlada com informação, prevenção e políticas públicas de qualidade.

Fontes:
Instituto Vencer o Câncer;
Ministério da Saúde;
Instituto Nacional de Câncer (INCA).

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