O Trastuzumabe entansina, conhecido comercialmente como Kadcyla, representa um marco importante na história do tratamento do câncer de mama no Brasil.
A chegada desse medicamento de última geração ao SUS é uma conquista tanto para os profissionais da área quanto para milhares de mulheres que enfrentam o câncer de mama tipo HER2-positivo, uma das formas mais agressivas da doença.
Em outubro de 2025, o Ministério da Saúde anunciou a chegada do primeiro lote do medicamento ao país, coincidindo com o Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama.
Esse momento simbólico reforça o compromisso do SUS em garantir acesso a terapias modernas, seguras e eficazes para todas as brasileiras.
O que é o Trastuzumabe entansina?
O Trastuzumabe entansina é uma medicação inovadora desenvolvida para tratar pacientes com câncer de mama HER2-positivo.
Esse tipo de tumor se caracteriza por apresentar uma proteína chamada HER2, que estimula o crescimento das células cancerígenas de forma acelerada. Como resultado, esse câncer tende a ser mais agressivo, com maior chance de metástase (espalhar-se para outros órgãos).
O grande diferencial do Trastuzumabe entansina é sua tecnologia. Ele combina dois componentes poderosos:
Trastuzumabe, um anticorpo que reconhece e se liga especificamente às células que expressam HER2;
Entansina (DM1), uma substância quimioterápica altamente potente, que é liberada diretamente dentro da célula tumoral.
Essa combinação inteligente permite atingir o tumor de forma precisa, poupando em maior medida as células saudáveis do corpo e reduzindo efeitos colaterais comuns nas quimioterapias convencionais.
Por que a chegada ao SUS é tão importante?
Até pouco tempo, o Trastuzumabe entansina estava disponível apenas na rede privada de saúde, com um custo elevado que tornava seu acesso muito difícil para a maioria das pacientes.
Com a incorporação ao SUS, o Brasil dá um passo importante na democratização do acesso a tratamentos de ponta. Essa decisão foi tomada com base em análises da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que avaliou evidências científicas de eficácia e segurança, além do impacto orçamentário.
O medicamento foi indicado principalmente para pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo que já receberam outros tratamentos, como o trastuzumabe isolado e a quimioterapia tradicional, mas que ainda apresentam progressão da doença.
Segundo informações oficiais, o primeiro lote recebido pelo Ministério da Saúde conta com 11.978 unidades do medicamento, armazenadas no almoxarifado do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), de onde serão distribuídas para hospitais de todo o país.
Como o Trastuzumabe entansina atua no corpo?
De forma simplificada, o Trastuzumabe entansina funciona como uma “bala guiada” no combate ao câncer, da seguinte maneira:
O anticorpo Trastuzumabe se conecta à proteína HER2, presente na superfície das células tumorais.
Essa ligação permite que a entansina, a parte quimioterápica, entre na célula e libere sua ação tóxica diretamente dentro dela, destruindo-a.
Esse processo reduz o crescimento e a multiplicação das células cancerosas, enquanto minimiza os danos às células saudáveis.
Essa precisão faz com que o tratamento seja mais eficaz e menos agressivo do que as quimioterapias convencionais, proporcionando melhor qualidade de vida às pacientes.
Quais os efeitos colaterais do Trastuzumabe entansina e cuidados necessários?
Apesar de ser uma terapia moderna e mais direcionada, o Trastuzumabe entansina, como todo tratamento contra o câncer, pode causar alguns efeitos colaterais. Em geral, esses efeitos costumam ser mais leves e controlados e são:
Fadiga;
Náusea leve;
Dores musculares;
Alterações no fígado;
Redução das plaquetas no sangue.
Por isso, o medicamento é usado apenas em ambiente hospitalar, com acompanhamento médico constante. Antes de iniciar o tratamento, o oncologista avalia o histórico de saúde da paciente e solicita exames para garantir a segurança da terapia.
A importância do Outubro Rosa e o simbolismo da chegada do medicamento
O Outubro Rosa é um movimento mundial que busca conscientizar sobre o diagnóstico precoce e o tratamento do câncer de mama. O fato de o Trastuzumabe entansina ter chegado ao Brasil justamente nesse mês reforça uma mensagem de esperança e avanço.
Mais do que uma conquista científica, essa incorporação representa um ato de equidade e cuidado público. O SUS demonstra, assim, que está empenhado em oferecer o que há de mais moderno na medicina, mesmo em meio a desafios orçamentários e logísticos.
Quais os benefícios esperados do Trastuzumabe entansina?
A vida com câncer de mama não é simples e fácil. Porém, o Trastuzumabe entansina deve gerar benefícios significativos a médio e longo prazo, como:
Aumento da sobrevida das pacientes com câncer de mama HER2-positivo;
Melhoria da qualidade de vida, com menos internações e efeitos adversos;
Redução das desigualdades regionais no acesso a terapias de alto custo;
Fortalecimento da oncologia pública brasileira, ao incorporar medicamentos de última geração.
Estima-se que milhares de mulheres em todo o país possam ser beneficiadas anualmente com o novo tratamento.
O papel dos profissionais e da conscientização
A chegada do Trastuzumabe entansina é uma conquista coletiva, resultado do trabalho de pesquisadores, médicos, gestores públicos e também de pacientes e familiares que lutaram pelo acesso ao medicamento.
Mas o sucesso desse avanço depende também da conscientização da população. O câncer de mama, quando diagnosticado precocemente, tem maiores chances de cura. Por isso, exames de rotina como a mamografia continuam sendo fundamentais.
A união entre tratamento moderno e prevenção ativa é o caminho mais eficaz para reduzir as mortes por câncer de mama no Brasil.
Como o SUS continuará evoluindo
O Ministério da Saúde tem ampliado o investimento em tecnologias em oncologia, buscando sempre equilibrar custo, eficácia e acesso. A incorporação de novos medicamentos para câncer de mama no SUS pode, e deve, acompanhar os avanços da medicina mundial.
Nos próximos anos, novas terapias biológicas e medicamentos direcionados devem ser avaliados pela Conitec, ampliando ainda mais as opções terapêuticas oferecidas gratuitamente à população.
Conclusão
A chegada do Trastuzumabe entansina ao SUS representa esperança e avanço. Cada ampola distribuída simboliza mais do que um medicamento, é a concretização do direito à vida e à dignidade no tratamento do câncer de mama.
Em um país onde a saúde pública é um pilar fundamental, oferecer às mulheres acesso a uma terapia tão moderna é motivo de orgulho e de renovação da confiança no sistema.
O câncer de mama HER2-positivo é uma batalha difícil, mas com informação, diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível vencer.
Fontes:
Ministério da Saúde;
Conitec;
INCA;
ANVISA.








