Própolis e câncer: evidências, limites e o que realmente importa

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A relação entre própolis e câncer tem gerado interesse crescente entre pacientes, profissionais da saúde e pessoas que buscam alternativas naturais de apoio à saúde.

O própolis é amplamente conhecido por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, e isso despertou a curiosidade da ciência sobre como esses efeitos poderiam influenciar processos relacionados ao câncer.

Mas afinal, o que já está comprovado e o que ainda não está? Este artigo apresenta uma visão clara e baseada em evidências reais, sem exageros e sem promessas falsas.

O que é o própolis e por que ele chamou a atenção no estudo do câncer?

própolis é uma substância produzida pelas abelhas a partir de resinas vegetais. Ele possui uma composição rica em compostos bioativos, como:

  • flavonoides

  • polifenóis

  • terpenos

  • artepilina C (especialmente no própolis verde brasileiro)

Essas substâncias são conhecidas por combater radicais livres e modular inflamações, dois processos que têm impacto direto na saúde celular, o que naturalmente levou à investigação da relação entre própolis e câncer.

O que a ciência já descobriu sobre própolis e câncer

Grande parte dos estudos sobre própolis e câncer foram feitos in vitro (em células isoladas) ou em animais. Esses estudos observaram que alguns compostos do própolis podem:

  • reduzir a proliferação de células tumorais;

  • estimular a morte programada (apoptose);

  • proteger células saudáveis contra danos oxidativos;

  • modular vias inflamatórias relacionadas ao crescimento tumoral.

Um dos compostos mais estudados é a artepilina C, presente no própolis verde. No entanto, é fundamental reforçar que pesquisa em laboratório não significa eficácia comprovada em humanos.

Própolis e câncer em humanos: quais são as evidências?

Quando se fala em seres humanos, os estudos ainda são pequenos e preliminares, mas trazem alguns pontos positivos, apresentados a seguir:

  • Suporte ao sistema imunológico durante o tratamento:

    Alguns trabalhos sugerem que o própolis pode ajudar na modulação do sistema imune, o que pode ser útil durante terapias intensivas como quimioterapia.

  • Redução de mucosite:

    A mucosite é uma inflamação dolorosa na boca comum durante quimioterapia e radioterapia. Pesquisas clínicas mostram que o própolis pode ajudar a reduzir o desconforto e acelerar a cicatrização.

  • Apoio antioxidante:

    Antioxidantes podem ajudar a combater estresse oxidativo, um fator envolvido em vários tipos de câncer. Mas isso não significa que o própolis sozinho tenha efeito terapêutico direto sobre tumores.

Não existe evidência suficiente para afirmar que própolis previne, trata ou cura câncer.

Onde termina a ciência e começam os mitos

A relação entre própolis e câncer é frequentemente distorcida pela internet, o que leva a interpretações perigosas. A seguir estão alguns dos principais mitos sobre o assunto:

Mito 1: “Própolis substitui quimioterapia ou outros tratamentos.”

Embora o própolis tenha compostos bioativos estudados em laboratório, nenhum deles demonstrou eficácia clínica capaz de substituir tratamentos convencionais como quimio, radio ou imunoterapia. Esse mito é prejudicial porque leva algumas pessoas a abandonar terapias comprovadas, o que reduz as chances de recuperação.

Mito 2: “O própolis impede o surgimento de qualquer tipo de câncer.”

Apesar de possuir ação antioxidante, isso não significa que o própolis bloqueie o desenvolvimento de tumores. O câncer é multifatorial, envolve genética, ambiente, estilo de vida, idade e mutações aleatórias. Portanto, o própolis não pode ser considerado um agente preventivo direto contra a doença.

Mito 3: “Se é natural, não faz mal.”

Esse é um dos equívocos mais comuns. Própolis pode causar alergias, principalmente em pessoas sensíveis a produtos das abelhas. Além disso, alguns compostos podem interferir no metabolismo de medicamentos. Ou seja, natural não é sinônimo de seguro ou isento de efeitos adversos.

Verdade: O própolis pode ser usado como complemento com orientação médica.

Quando bem orientado, ele pode ajudar no alívio de mucosite, modular respostas inflamatórias ou reforçar o suporte antioxidante. Mas sempre como complemento, nunca como substituto.

Como usar o própolis com segurança

Para usar o própolis com segurança, especialmente em situações que envolvem tratamento contra o câncer, o primeiro passo é sempre conversar com o oncologista. Somente o profissional responsável pelo tratamento consegue avaliar possíveis interações com medicamentos, riscos individuais e a dosagem apropriada para cada caso. 

Outro ponto importante é optar por extratos de própolis padronizados, pois eles passam por controles de qualidade mais rigorosos e garantem uma composição mais estável dos compostos bioativos.

Também é essencial evitar o uso de doses exageradas. Mesmo sendo um produto natural, o própolis contém substâncias potentes que podem gerar efeitos adversos quando consumidas sem orientação. 

Além disso, qualquer pessoa que esteja começando a utilizar o própolis deve ficar atenta a sinais de alergia, como coceira, irritação na pele, inchaço ou desconforto respiratório. Pessoas sensíveis a produtos das abelhas têm maior tendência a apresentar reações e, nesses casos, o uso deve ser imediatamente interrompido.

Ao seguir esses cuidados, o própolis pode ser incorporado com mais segurança como um complemento, e não como substituto, dentro de um plano maior de cuidados com a saúde.

Conclusão

A relação entre própolis e câncer ainda está sendo estudada, e embora os resultados laboratoriais sejam promissores, eles não comprovam efeitos diretos em humanos. O que sabemos hoje é que o própolis pode oferecer apoio em alguns sintomas do tratamento, como a mucosite, mas não substitui terapias convencionais nem atua como cura

Usá-lo de forma complementar, sempre com orientação médica, é a maneira mais segura de aproveitar seus potenciais benefícios sem criar expectativas irreais. Assim, o própolis pode contribuir para o bem-estar, mas seu papel no câncer continua sendo um campo em evolução.

Fontes:

Sforcin, J.M.; Bankova, V. (2011).

Bankova, V. (2005).

Marquele-Oliveira, F. et al. (2020).

Watanabe, M.A.E. et al. (2011).

Oršolić, N. (2010).

Ahn, M.R. et al. (2007).

Silva, G.B. et al. (2015).

Búfalo, M.C. et al. (2014).

Franchin, M. et al. (2018).

Kuropatnicki, A.K. et al. (2013).

Instituto Nacional do Câncer (INCA)

Memorial Sloan Kettering Cancer Center – Herb & Supplement Database.

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