O colesterol alto é um dos grandes vilões da saúde moderna. Mesmo com alimentação equilibrada e o uso de medicamentos orais, como as estatinas, muitas pessoas ainda enfrentam dificuldades para alcançar níveis ideais.
É justamente para esses casos que surgiram novas alternativas, como o evolocumabe, uma injeção que tem mostrado resultados promissores no controle do colesterol.
O que é o evolocumabe?
O evolocumabe é um medicamento biotecnológico da classe dos anticorpos monoclonais, desenvolvido para ajudar a reduzir o colesterol LDL — conhecido como “colesterol ruim”.
Ele atua de forma diferente das estatinas: em vez de agir diretamente na produção de colesterol pelo fígado, o evolocumabe bloqueia uma proteína chamada PCSK9, que interfere na capacidade do fígado de eliminar o LDL do sangue.
Ao inibir a PCSK9, o evolocumabe permite que o fígado retire mais partículas de colesterol da corrente sanguínea, resultando em uma redução significativa dos níveis de LDL.
Como é feita a aplicação do evolocumabe?
O evolocumabe é aplicado por injeção subcutânea, ou seja, logo abaixo da pele — semelhante à aplicação de insulina. O esquema de uso mais comum é uma aplicação a cada 15 dias, embora o médico possa ajustar a dose conforme as necessidades do paciente.
A aplicação é simples e pode ser feita pelo próprio paciente, após orientação médica. As áreas mais usadas são a parte externa do braço, a coxa e o abdômen (exceto próximo ao umbigo).
O medicamento vem em canetas ou seringas pré-cheias, prontas para uso, o que facilita bastante a rotina de quem precisa utilizá-lo regularmente.
Para quem o evolocumabe é indicado?
Esse tratamento é indicado principalmente para:
Pessoas com colesterol alto (hipercolesterolemia familiar ou adquirida) que não conseguem atingir bons resultados apenas com comprimidos;
Pacientes com doença cardiovascular já diagnosticada (como infarto ou AVC), que precisam de um controle rigoroso do colesterol;
Aqueles que não toleram estatinas devido a efeitos colaterais.
É importante ressaltar que o evolocumabe não substitui hábitos saudáveis — ele complementa a dieta equilibrada e a prática de atividades físicas.
Evolocumabe e Inclisiran: quais as diferenças?
Além do evolocumabe, outro medicamento moderno vem chamando atenção: o inclisiran. Ambos têm o mesmo objetivo, mas funcionam de formas distintas.
Evolocumabe: atua diretamente bloqueando a proteína PCSK9 já existente no corpo, com aplicação quinzenal.
Inclisiran: atua no RNA mensageiro, impedindo a produção da proteína PCSK9. Sua vantagem é a frequência menor de aplicações, geralmente a cada seis meses.
Esses tratamentos representam um grande avanço no tratamento do colesterol resistente pela praticidade de uso que eles oferecem e pela excelente eficácia. Além disso, ambos são medicamentos de alto custo, o que dificulta o acesso direto, porém eles podem ser adquiridos gratuitamente pelo SUS.
Custo e acesso ao evolocumabe
Atualmente, o evolocumabe, assim como o inclisiran, ainda é considerado um medicamento de alto custo, o que limita o acesso de muitos pacientes. O preço pode variar conforme a dosagem e o local de compra, chegando a valores acima de R$ 2.000,00 por mês.
Alguns planos de saúde oferecem cobertura parcial, e em situações específicas, o medicamento pode ser obtido por meio de demandas judiciais, mediante prescrição e relatório médico, mas também podem ser adquiridos gratuitamente pelo SUS.
Resultados e eficácia do evolocumabe
Estudos clínicos mostraram que o evolocumabe pode reduzir o colesterol LDL em até 60% quando associado a outros medicamentos orais. Também há evidências de que o uso contínuo pode diminuir o risco de infarto, AVC e outras complicações cardiovasculares graves.
Pacientes relatam resultados perceptíveis após os primeiros meses de tratamento, desde que mantenham acompanhamento médico e exames regulares.
Efeitos colaterais e cuidados
O evolocumabe costuma ser bem tolerado, mas como qualquer medicamento, pode causar efeitos adversos. Os mais relatados são:
Reações leves no local da aplicação (vermelhidão, coceira ou dor);
Sintomas gripais, como dor de garganta ou coriza;
Dores musculares leves;
Fadiga.
Efeitos mais sérios são raros, mas qualquer sintoma fora do comum deve ser comunicado ao médico. Outro ponto essencial é o armazenamento adequado: o medicamento deve ser mantido em refrigerador (2°C a 8°C) e não pode ser congelado.
Evolocumabe é para sempre?
Nem sempre. O uso do evolocumabe depende da resposta de cada paciente e da orientação médica. Em alguns casos, ele pode ser utilizado por períodos prolongados; em outros, é apenas uma fase de controle mais intenso até atingir metas específicas de colesterol.
O importante é não interromper o tratamento por conta própria, já que a suspensão pode fazer os níveis de colesterol voltarem a subir rapidamente.
A importância do acompanhamento médico
Mesmo sendo uma inovação, o evolocumabe não deve ser visto como uma “cura rápida”. O acompanhamento com um cardiologista ou endocrinologista é fundamental para avaliar a real necessidade do tratamento, ajustar doses e monitorar possíveis efeitos.
O médico também pode orientar sobre outras estratégias combinadas, como alimentação balanceada, prática regular de exercícios e controle do peso.
Informação transforma: cuidar da saúde é uma escolha consciente
Conhecer novas opções de tratamento é uma forma poderosa de exercer o autocuidado. O evolocumabe e o inclisiran são exemplos de como a ciência continua evoluindo para oferecer alternativas mais eficazes para quem luta contra o colesterol alto.
Se você enfrenta dificuldades em manter o colesterol sob controle, converse com seu médico. Entender suas opções pode abrir caminhos para uma vida mais saudável e com menos riscos cardiovasculares.
Fontes:
Sociedade Brasileira de Cardiologia;
ANVISA;
Instagram: anaisabanhara.







