À primeira vista, uma simples camisa de futebol parece não carregar segredos. Porém, durante mais de dez partidas, o uniforme do atual campeão brasileiro e da Libertadores escondia algo que quase ninguém percebeu: uma pequena mancha preta, discreta, inserida estrategicamente na parte de trás da camisa dos jogadores.
Somente mais tarde o público descobriu que aquela marca fazia parte de “o patrocínio que ninguém viu”, uma campanha criada pelo Botafogo em parceria com o Instituto Melanoma Brasil para alertar sobre um dos cânceres mais perigosos e invisíveis do mundo: o melanoma.
A escolha pela invisibilidade não foi acidental. Assim como a mancha que passou despercebida nos jogos, o melanoma também costuma surgir de forma silenciosa, muitas vezes confundido com uma pinta comum, e é exatamente isso que o torna tão perigoso.
Continue a leitura para entender melhor!
“O patrocínio que ninguém viu”: quando o invisível vira alerta
A ideia central da campanha foi simples, mas extremamente poderosa: colocar uma mancha quase imperceptível na camisa dos jogadores durante vários jogos decisivos e observar quantas pessoas a identificariam espontaneamente.
O resultado? Praticamente ninguém viu. E isso não aconteceu por descuido, a mancha foi pensada para se confundir com o tecido, assim como o melanoma costuma se misturar à pele sem chamar atenção.
A ação só foi revelada posteriormente, quando o clube divulgou que aquela marca representava o risco invisível enfrentado por milhares de brasileiros todos os anos. O objetivo era claro: mostrar que, assim como a mancha na camisa, o melanoma pode estar ali, bem diante dos nossos olhos, e mesmo assim passar despercebido.
Com enorme visibilidade, o Botafogo usou sua posição de destaque para ampliar a mensagem e educar torcedores sobre prevenção e diagnóstico precoce.
O melanoma: um perigo silencioso e potencialmente fatal
O melanoma é um dos tipos mais agressivos de câncer de pele. Embora represente cerca de 4% dos casos de câncer de pele no Brasil, ele é responsável por aproximadamente 75% das mortes relacionadas à doença.
De acordo com estimativas do INCA (2023–2025), cerca de 8.980 novos casos devem ocorrer por ano no país e o risco estimado é de 4,13 casos por 100 mil habitantes.
A razão para tamanha gravidade está justamente na dificuldade de perceber a doença. Quando o melanoma é identificado ainda no início, as chances de cura superam 90%. Porém, quando o tumor cresce e alcança mais de 4 mm de espessura, as taxas de cura caem para menos de 50%.
Essa diferença drástica reforça o ponto central de “o patrocínio que ninguém viu”: não dá para ignorar o que parece pequeno demais para preocupar.
Por que o melanoma é difícil de identificar?
Ao contrário do que muitos acreditam, o melanoma não surge apenas em peles muito claras ou após exposição solar intensa. Ele pode aparecer:
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em áreas normalmente cobertas;
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em pessoas de qualquer tom de pele;
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em qualquer idade;
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e até em regiões escondidas, como couro cabeludo, unhas e plantas dos pés.
Além disso, suas primeiras manifestações costumam ser sutis, uma mudança quase imperceptível na cor, uma borda levemente irregular, um pequeno crescimento que passa despercebido.
Assim como a mancha usada no uniforme, o melanoma pode estar ali, silencioso, sem chamar atenção, até que se torna tarde demais.
Sinais e sintomas: conheça a regra do ABCDE
Para ajudar na identificação, dermatologistas usam a regra ABCDE, que facilita reconhecer lesões suspeitas:
A – Assimetria
Uma metade da pinta não combina com a outra.
B – Bordas irregulares
Contornos mal definidos, serrilhados ou assimétricos.
C – Cor variável
Tons diferentes na mesma mancha: preto, marrom, vermelho, branco ou azul.
D – Diâmetro
Lesões maiores que 6 mm (aprox. uma borracha de lápis) exigem atenção.
E – Evolução
Qualquer mudança na lesão: tamanho, forma, cor, textura ou sangramento.
Qualquer um desses sinais já é motivo suficiente para procurar um dermatologista.
Prevenção: como reduzir o risco de melanoma
Esse câncer está diretamente ligado à exposição solar excessiva e ao histórico familiar, mas pequenas mudanças no dia a dia diminuem muito o risco e ajudam na na prevenção do melanoma.
1. Uso diário de filtro solar: FPS 30 ou mais, aplicado mesmo em dias nublados;
2. Evitar o sol entre 10h e 16h: Horário de maior incidência de radiação UV;
3. Proteção física: Chapéus, óculos escuros, camisas UV e roupas de manga longa;
4. Nunca usar bronzeamento artificial: O uso de câmaras de bronzeamento é proibido pela Anvisa desde 2009 devido ao risco elevado de câncer de pele;
5. Autoexame da pele: Observar manchas, pintas e alterações no corpo regularmente;
6. Consulta dermatológica anual: Indispensável especialmente para pessoas com muitos sinais, histórico familiar ou pele clara.
Tratamento do melanoma
O tratamento do melanoma depende do estágio da doença, e quanto mais cedo começa, maiores são as chances de cura. Cada abordagem tem um papel específico no combate ao tumor. Conheça os principais tratamentos utilizados:
1. Cirurgia
A cirurgia é o tratamento mais comum e eficaz nos estágios iniciais. Consiste na remoção completa do melanoma e de uma pequena margem de pele saudável ao redor. Isso impede que as células tumorais se espalhem e geralmente é suficiente quando o tumor é superficial.
2. Imunoterapia
A imunoterapia utiliza medicamentos que “despertam” o sistema imunológico para reconhecer e atacar as células do melanoma. Ela é especialmente útil nos casos mais avançados ou quando há risco de metástase, aumentando o controle da doença.
3. Terapia-alvo
Este tratamento age diretamente em mutações específicas presentes nas células tumorais, principalmente mutações como a BRAF. Os medicamentos “bloqueiam” o crescimento do tumor e reduzem sua capacidade de se multiplicar. É indicado quando o melanoma possui essas alterações genéticas.
4. Quimioterapia
Embora menos utilizada atualmente, a quimioterapia pode ser indicada em situações específicas, principalmente quando outros tratamentos não são suficientes. Ela atua destruindo células cancerígenas que se dividem rapidamente.
5. Radioterapia
A radioterapia usa radiação para destruir células tumorais ou impedir sua proliferação. Geralmente é indicada como complemento, especialmente quando o melanoma se espalha para linfonodos ou outras regiões do corpo.
Melanoma Brasil: o instituto por trás da conscientização
Fundado em 2014 por Rebecca Montanheiro após seu próprio diagnóstico, o Instituto Melanoma Brasil atua promovendo:
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campanhas educativas;
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apoio emocional;
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divulgação de informações confiáveis;
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suporte a pacientes e familiares;
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conscientização nacional sobre prevenção.
A parceria com o Botafogo ampliou o alcance das ações da ONG, chamando atenção de torcedores e da população geral para um tema que salva vidas.
O papel do Botafogo na campanha: visibilidade que salva vidas
O Botafogo utilizou sua condição de atual campeão brasileiro e da Libertadores para dar destaque à causa. Em vez de usar o espaço da camisa para promover uma marca, dedicou-o a uma mensagem de saúde pública.
A pequena mancha inserida no uniforme, embora sutil, carregava um simbolismo enorme:
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estava lá o tempo todo,
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passou despercebida,
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representava algo potencialmente fatal.
Foi a metáfora perfeita para mostrar como o melanoma se comporta no corpo humano e como é importante estar atento aos mínimos detalhes.
Contribua: torne-se um campeão como o Botafogo
Assim como no esporte, lutar contra o melanoma exige um time forte. O Instituto Melanoma Brasil depende de doações para manter seu trabalho de conscientização e apoio aos pacientes.
Se você deseja contribuir e fazer parte dessa causa, basta acessar a página da iniciativa feita pelo botafogo e clicar no link de doação no final da página ou acessar diretamente o site da Melanoma Brasil.
Junte-se ao time que salva vidas. Faça sua doação e ajude a ampliar o alcance das campanhas, garantindo que menos pessoas ignorem sinais que podem ser decisivos.
Fontes:
https://opatrocinioqueninguemviu.com.br
INCA;
Melanoma Brasil;
ANVISA.








