Brasil avança no combate à obesidade e diabetes com tratamento

Caneta de aplicação de Mounjaro + subtítulo

Compartilhe esse artigo:

WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Facebook
Twitter

Mounjaro e sua aprovação para obesidade

Nos últimos anos, a medicina tem testemunhado saltos significativos no enfrentamento de duas das maiores crises de saúde pública do século: a obesidade e o diabetes tipo 2. O lançamento e a aprovação no Brasil de um novo medicamento injetável, desenvolvido pela Eli Lilly, representa um marco nesse combate. Embora o nome do medicamento — Mounjaro (tirzepatida) — já seja conhecido por especialistas e pacientes, o que chama atenção agora são os impactos reais e esperados no contexto brasileiro, que ainda enfrenta desafios estruturais para lidar com essas doenças crônicas.

A diretora médica da Eli Lilly Brasil, Karla Alcazar, abordou esse cenário em uma entrevista ao portal Futuro da Saúde, destacando a importância do momento atual para o país e os próximos passos da farmacêutica. Este artigo explora o que isso significa, com base nas declarações da executiva e na repercussão nacional, tanto no setor médico quanto no regulatório.

Um passo histórico no Brasil

A Anvisa aprovou em abril de 2024 o uso do medicamento para tratamento do diabetes tipo 2, o que já representa um avanço significativo. A solicitação para sua liberação no tratamento da obesidade já foi feita e está em análise, com grandes expectativas de aprovação até o final de 2025.

O destaque aqui não é apenas a autorização regulatória, mas o contexto em que essa aprovação acontece: o Brasil vive uma escalada de diagnósticos de obesidade e diabetes, com impactos diretos na saúde pública e nos custos do SUS. A chegada de uma nova terapia com dados clínicos consistentes representa não apenas um novo tratamento, mas uma possível mudança de paradigma.

Desafios estruturais no Brasil

Apesar do potencial do novo medicamento, a estrutura de saúde brasileira ainda não está pronta para uma adoção em larga escala. Conforme apontado por Karla Alcazar, o país precisará de ajustes importantes, como:

  • Formação médica especializada: poucos profissionais têm capacitação aprofundada em obesidade como doença crônica, e não apenas como um sintoma ou consequência.

  • Criação de políticas públicas específicas: é necessário estabelecer diretrizes de prescrição, uso racional do medicamento e protocolos de acompanhamento.

  • Ampliação do acesso via sistema público: medicamentos de alto custo precisam passar por avaliações econômicas e clínicas antes de sua inclusão no SUS.

Ela também alerta que, embora a tirzepatida esteja aprovada para diabetes, há uma grande lacuna no acesso para pacientes com obesidade sem diabetes, o que exige uma resposta rápida do sistema de saúde.

Mudança na abordagem: obesidade como doença crônica

Um dos pontos mais relevantes da fala de Karla Alcazar é o reconhecimento da obesidade como uma doença crônica e não apenas um problema estético ou resultado de escolhas pessoais.

“As pessoas não acordam com obesidade. Elas vivem com ela por muito tempo, e o sistema precisa entender isso como uma condição médica”, enfatizou a diretora.

Esse reconhecimento é importante porque permite que pacientes tenham acesso a tratamento contínuo, semelhante ao que já ocorre com hipertensãocolesterol alto e o próprio diabetes. Isso também amplia o escopo de atuação de médicos de família, clínicos gerais e endocrinologistas, que precisam se atualizar para abordagens multidisciplinares.

Impacto esperado na saúde pública

Segundo dados do IBGE, cerca de 26% da população adulta brasileira é obesa, e mais de 10% vive com diabetes tipo 2. Essas condições são responsáveis por:

  • Aumento de hospitalizações

  • Maior incidência de doenças cardiovasculares

  • Impacto econômico bilionário no sistema de saúde

Com base nos resultados de estudos internacionais e no desempenho observado em outros países, como EUA e Canadá, a expectativa é que o uso da tirzepatida ajude a:

  • Reduzir o peso corporal em até 20%

  • Melhorar o controle glicêmico sem insulina

  • Diminuir riscos de eventos cardiovasculares

📌 Importante: no Brasil, para que esses benefícios se concretizem, será necessário um esforço conjunto entre setor público, privado e entidades médicas.

O olhar clínico e os novos protocolos

Endocrinologistas que atuam na linha de frente veem com otimismo a nova fase do tratamento. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a incorporação de novas terapias pode reduzir a dependência de insulina, melhorar a qualidade de vida e, em muitos casos, prevenir complicações como amputações, cegueira e doenças renais.

Contudo, há também uma necessidade urgente de educação médica continuada. Muitos médicos ainda tratam obesidade com base em dietas restritivas e aumento de atividade física apenas — sem abordar os aspectos hormonais e neurológicos da doença. A chegada da tirzepatida reforça que o tratamento deve ser baseado em evidências científicas e individualizado.

Educação da população: um desafio silencioso

Outro fator fundamental citado por Karla Alcazar é a educação da população. Hoje, a obesidade ainda é alvo de estigmas e preconceitos, o que afasta os pacientes dos consultórios e gera sofrimento emocional.

“O paciente com obesidade muitas vezes tem vergonha de procurar ajuda, pois acredita que fracassou moralmente. Isso precisa mudar”, afirma Alcazar.

Nesse sentido, campanhas públicas e ações de conscientização nas redes sociais, escolas e postos de saúde serão essenciais para quebrar mitos e promover o entendimento da obesidade como condição médica complexa, e não como uma questão de força de vontade.

Perspectivas futuras

Com a expectativa de que a aprovação para obesidade ocorra ainda em 2025, a Lilly planeja não só comercializar o medicamento no país, mas também contribuir com o desenvolvimento de protocolos clínicos, parcerias com universidades e iniciativas de capacitação médica.

Além disso, a empresa estuda:

  • Possíveis acordos para disponibilizar o medicamento via SUS no futuro

  • Programas de acesso via planos de saúde

  • Campanhas de conscientização pública

Esse movimento pode abrir caminhos para outras terapias inovadoras, colocando o Brasil no centro de discussões globais sobre como lidar com doenças metabólicas de forma moderna e humanizada.

Conclusão

O avanço no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, representado pela aprovação da tirzepatida no Brasil, é mais do que uma novidade farmacológica: é uma virada de chave na forma como o país encara essas doenças crônicas.

A entrevista com Karla Alcazar no portal Futuro da Saúde evidencia que o momento é de transformação — mas também de responsabilidade. Não basta ter uma nova ferramenta terapêutica; é preciso capacitar médicos, conscientizar pacientes, formular políticas públicas e garantir acesso equitativo.

O futuro do combate à obesidade e ao diabetes no Brasil começa agora, e depende da ação coordenada entre ciência, saúde pública e sociedade.

Fontes:
Futuro da Saude;
CNN Brasil;
Anvisa;
IBGE.

Compartilhe esse artigo:

WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Facebook
Twitter